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Interior

Quadrilha pagou colheitadeira de R$ 1 milhão com cheque sem fundo

Máquina foi comprada por suspeito em Jardim e apreendida hoje em fazenda no município de Fátima do Sul

Helio de Freitas, de Dourados | 03/11/2022 16:11
Colheitadeira Case, comprada em Jardim através de golpe e apreendida hoje em Culturama (Foto: Divulgação)
Colheitadeira Case, comprada em Jardim através de golpe e apreendida hoje em Culturama (Foto: Divulgação)

Alvo da Operação Plaga, deflagrada nesta quinta-feira (3), a quadrilha acusada de aplicar golpes em produtores rurais de Mato Grosso do Sul e outros estados brasileiros, comprava com cheques sem fundos colheitadeiras que valem acima de R$ 1 milhão.

Quando os cheques eram devolvidos pelo banco e a vítima entrava com ação na Justiça para tentar receber, os golpistas alegavam que o equipamento já tinha sido vendido para terceiros e alegavam “desacordo comercial”.

Foi o que aconteceu com uma colheitadeira de grãos da marca Case acoplada a uma plataforma de corte flexível para grãos, comprada de um produtor rural de Jardim (a 236 km de Campo Grande).

A máquina foi apreendida na operação de hoje em uma fazenda em Culturama, distrito que faz parte do município de Fátima do Sul. Além daquele município, mandados foram cumpridos em Dourados e Naviraí.

De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o Campo Grande News teve acesso, a colheitadeira foi comprada no dia 17 de janeiro deste ano em Jardim por Rubens Fernando Alves, 32, o “Rubinho”, um dos alvos dos mandados cumpridos hoje. Ele mora em Naviraí.

O proprietário da máquina, produtor rural de 49 anos de idade, só registrou o boletim de ocorrência no dia 19 de outubro, nove meses após a vender o equipamento.

Segundo ele, a colheitadeira completa (incluindo a plataforma) foi vendida a Rubens Alves por R$ 1 milhão. Rubinho entregou quatro cheques pré-datados, sendo o primeiro para 30 de abril de 2022. O valor dos cheques não foi informado.

Depositado pelo agricultor, o cheque foi devolvido por falta de fundos. Ele então mandou a folha para protesto e o cartório fez notificação extrajudicial a Rubens Alves, mas o comprador não quis fazer acordo com a vítima. Natural de Paraná do Oeste (PR), Rubinho mora no bairro Cidade Jardim III, em Naviraí.

No boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil em Naviraí, o antigo dono da colheitadeira informou ter descoberto que o maquinário não estava mais com Rubinho, pois tinha sido vendido a terceiros.

O barracão pertencente a Rubinho foi alvo de mandado de busca na operação de hoje, mas ele não foi encontrado. Segundo a Polícia Civil, o suspeito já manteve contato informando que vai se apresentar para prestar depoimento.

A colheitadeira teria sido repassada para o empresário douradense Wanderley Esquível da Silva e vendida por ele para um morador de Fátima do Sul, primo do dono da propriedade onde o maquinário foi apreendido hoje por policiais rodoviários federais e pelos delegados da Polícia Civil Bruno Carlos dos Santos, Cristiano André Hein e Maria Gabriela Vanoni.

Segundo os investigadores, as buscas também localizaram o contrato de compra e venda do maquinário, tendo Wanderley como vendedor. O empresário foi preso por porte ilegal de arma porque estava com um revólver calibre 38, mas pagou fiança e foi liberado.

Além dessa colheitadeira Case, outras duas máquinas de colheita foram apreendidas nesta quinta-feira – uma no barracão de Rubinho em Naviraí e outra, da marca New Holand, no lava-rápido localizado na margem da BR-163, em Dourados.

Alex Leite, dono do lava-rápido, está preso. Ele foi autuado em flagrante por receptação da colheitadeira e por posse de munições. Ao contrário de Wanderley, o caso não coube fiança e Alex continua preso.

A investigação conjunta da Polícia Civil e da delegacia da PRF em Dourados durou quatro meses para desmantelar o esquema de estelionato e furto envolvendo máquinas agrícolas.

As máquinas obtidas de forma criminosa eram levadas inicialmente para o barracão em Naviraí, onde os sinais identificadores eram adulterados e trazidas para Dourados em caminhões-prancha.

Deixados no lava-rápido localizado próximo ao posto da PRF na saída para Campo Grande, os maquinários eram vendidos para a agricultores da região e até de outros estados. A polícia investiga se todos os compradores eram terceiros de boa-fé ou se sabiam da procedência ilícita dos equipamentos.

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