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Interior

Réu por matar e enterrar jovem havia ameaçado: “vou te fazer desistir de viver”

Episódio ocorrido em janeiro fez a vítima procurar ajuda da polícia pela segunda vez

Anahi Zurutuza | 01/11/2021 16:43
Pabilo é suspeito de matar Laís após discussão. (Foto: Reprodução das Redes Sociais)
Pabilo é suspeito de matar Laís após discussão. (Foto: Reprodução das Redes Sociais)

“Eu vou fazer da sua vida um inferno, até você desistir de viver”. A frase ameaçadora seria uma das ditas por Pabilo dos Santos Trindade, 35 anos, sete meses antes da morte de Laís de Jesus Cruz, 29, em Sonora – a 364 km de Campo Grande. O personal trainer, que está preso desde 4 de agosto, além de ser acusado de feminicídio, fraude processual e ocultação de cadáver, em ação penal resultado da investigação do assassinato de Laís, agora responde a processo por violência doméstica cometida contra a mulher.

Episódio ocorrido em janeiro fez a vítima procurar ajuda da polícia pela segunda vez, conforme narrado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), em ação contra o personal. Laís já havia denunciado o marido por violência doméstica no início de dezembro do ano passado, quando conseguiu medida protetiva contra ele.

Decisão judicial, da qual Pabilo tomou ciência em 3 de dezembro de 2020, o proibia de manter contato ou se aproximar da ex-mulher. Mas no dia 6 de janeiro, ele foi à casa dela com a intenção reatar o relacionamento. Ainda conforme a acusação, diante da negativa da ex, o personal passou a ameaçá-la e deu três tapas no rosto da moça.

Pabilo foi denunciado por descumprir ordem judicial, pela infração chamada vias de fato e pelo crime de ameaça. O personal virou réu em processo derivado da denúncia de violência contra a mulher no dia 8 de setembro, um mês depois dela ser morta.

O personal está preso no Estabelecimento Penal Masculino Flávio Derzi, em Coxim. Ele ainda não apresentou defesa na ação e o juiz mandou que oficial de justiça apure se o acusado tem advogado. Caso contrário, a Defensoria Pública deverá representá-lo.

Corpo foi enrolado em edredons antes de ser enterrado nos fundos de casa. (Foto: Sidney Assis/Arquivo)
Corpo foi enrolado em edredons antes de ser enterrado nos fundos de casa. (Foto: Sidney Assis/Arquivo)

Brigas e morte – Laís e Pabilo estavam juntos há cerca de 3 anos e um filho, de 1 ano, quando se separaram no fim do ano passado. Conforme relatado pelo próprio acusado de feminicídio à polícia, o relacionamento do casal sempre foi conturbado. Quando Laís foi assassinada, os dois haviam reatado.

No dia 2 de agosto, uma segunda-feira, conforme o depoimento do personal, o casal brigou depois que ele propôs a Laís um relacionamento a três.

Pabilo alega a esposa se suicidou batendo uma concha de cozinha contra a própria cabeça. Ele disse que depois da briga, saiu de casa e quando voltou, encontrou o corpo da mulher em um dos quartos da casa todo ensanguentado. Foi quando ele resolveu cavar um buraco no quintal para enterrá-la.

Com o celular de Laís, Pabilo enviou mensagens para a mãe da vítima dizendo frases como: “não quero mais essa vida”. Ele também usou o aparelho da esposa para postar nas redes sociais dela textos de “despedida”. “Tchau Sonora. Aqui não volto nunca mais”, dizia um dos posts compartilhados um dia após a morte de Laís, no Instagram.

A versão do personal não convenceu. Para a investigação policial, Laís foi assassinada pelo marido, asfixiada por um golpe “mata-leão”, depois de levar pancada na cabeça com objeto que a fez sangrar. Tudo aconteceu naquela segunda-feira. Na terça, ele contratou prestador de serviço para cavar fossa no quintal, limpou o quarto com água sanitária, enrolou o corpo da mulher em edredons e enterrou no buraco.

A mãe de Laís procurou a Delegacia de Polícia Civil de Sonora para informar o desaparecimento e o crime foi descoberto na tarde do dia 4, uma quarta-feira.

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