Sem receber, ex-funcionários bloqueiam acesso à fábrica da Heringer
Protesto impede entrada de caminhão para retirada de matéria-prima; pelo menos 60 pessoas perderam emprego em Dourados
Trabalhadores demitidos no dia 31 de janeiro deste ano pela Fertilizantes Heringer bloquearam na tarde desta quarta-feira (13) o acesso à fábrica da empresa em Dourados, a 233 km de Campo Grande.
Eles impedem a entrada de uma carreta que foi ao local para retirar matéria-prima usada na fabricação de adubo. A fábrica em Dourados foi uma das várias unidades desativadas pela Heringer no final de janeiro em todo o país.
Endividada, a companhia – uma das cinco maiores do setor de fertilizantes do país – pediu recuperação judicial no dia 4 deste mês. Na semana passada o pedido foi aceito pela Justiça em Paulínia (SP).
Em Dourados, pelo menos 60 trabalhadores foram demitidos da fábrica localizada na margem da BR-163, na saída para Caarapó. A maioria trabalhava no setor de produção. A Heringer informou que fechamentos das fábricas e pontos de distribuição no país fazem parte do plano de reestruturação para lidar com as dívidas.
“No dia 31 os diretores chamaram os funcionários e falaram que todos seriam demitidos naquele momento. Estamos sem receber nossa indenização, sacamos apenas o fundo de garantia que estava no banco. Não pagaram a multa nem o salário de janeiro”, afirmou ao Campo Grande News um ex-funcionário que pediu para não ter o nome divulgado.
Segundo ele, muitos trabalhadores estão sem dinheiro para comprar comida e pagar despesas básicas como aluguel e financiamento de casa. “Não tem nenhum diretor aqui, ninguém aparece para conversar com a gente”.
O ex-funcionário afirma que dezenas de caminhões carregados com matéria-prima foram retirados do local após o fechamento da fábrica.
“Hoje ficamos sabendo que estavam retirando de novo e viemos para cá, queremos receber nossos direitos”, afirmou o trabalhador. Até às 16h desta quarta eles permaneciam no portão da empresa.
A Heringer tinha R$ 2,9 bilhões de reais em dívidas até o final do terceiro trimestre do ano passado. Antes contava com 16 fábricas que produzem fertilizantes a partir de materiais importados e uma planta de ácido sulfúrico.
A empresa tinha escritórios regionais nas áreas agrícolas mais importantes do Brasil, como o Centro-Oeste e a região do Matopiba (extensão geográfica que recobre parcialmente os territórios de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).