Sem transporte escolar, crianças precisam andar 36 km por dia para ir à escola
Empresa de transporte está sendo paga pelo atendimento, mas estudantes dizem que nunca receberam serviço
Doze crianças da zona rural da cidade de Porto Murtinho, localizada a 439 quilômetros de Campo Grande, estão há meses sem transporte escolar adequado. Hoje (16), o pai de um aluno flagrou o momento em que estudantes aguardavam a carona de um trator para poderem passar por atoleiro e chegar à escola.
De acordo com um vereador do município, Helton Atele, estudantes que moram nas fazendas Reata e NPP, que deveriam ser beneficiadas pela Rota Braunal de transporte, precisam andar 36 quilômetros por dia para poderem estudar. “Hoje estava uma temperatura de 10°C lá, muito frio. Essas crianças andam 18 quilômetros pra ir até a escola e mais 18 para voltar para casa”, detalha o vereador.
Segundo ele, está em andamento uma licitação aberta pelo município no valor de R$ 4 milhões para transporte escolar, mas o serviço não funciona como deveria. “Existe a licitação, existe a rota, mas o transporte não vai”, completa Atele. Esta reportagem teve acesso ao contrato inicial, no valor de R$ 1,3 milhão, cujas informações apontam que o primeiro documento foi assinado no dia 6 de outubro do ano passado e é válido até o dia 28 deste mês.
“Abertura de procedimento licitatório para contratação de empresa especializada em transporte escolar, com um (01) motorista por veículo e combustível por conta da empresa, para atender os alunos da área rural da Rede Municipal de Ensino de Porto Murtinho - MS, durante o exercício de 2021”, diz o texto. Ao longo dos meses outros valores foram acrescidos ao contrato “em razão do acréscimo de linhas de transporte escolar”, segundo o texto.
Ministério Público – No dia 27 de junho deste ano outra vereadora da cidade, Aline Costa Soares Dias, protocolou denúncia no Ministério Público Estadual contra o prefeito de Porto Murtinho por falta de transporte escolar. Até o momento não foi dado retorno pela Prefeitura.
Em vídeo gravado na fazenda hoje (16), é possível ver quatro pessoas, sendo três deles alunos, com mochilas nas costas, dividindo espaço em trator para conseguir passar por estrada esburacada. Os estudantes precisaram pegar carona no trator para passar por atoleiro.
"Estava vindo naquele atoleiro ali e encontrei essas crianças que vão pra escola esperando o trator para poder cruzar”, narra, em vídeo, o pai de um aluno.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Porto Murtinho para obter posicionamento sobre a situação. Esta reportagem foi encaminhada à secretária municipal de Educação, Rita de Cássia, que afirmou que a situação “não procede”. Questionada sobre o vídeo e afirmações feitas pelos estudantes gravados por pai de aluno, de que eles não têm acesso à transporte escolar na região da Fazenda Braunal, a secretária disse: “pede a eles procurar MP (Ministério Público), responderemos, ok? Não tenho conhecimento. Pede aos pais virem aqui”, finalizou.
