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Interior

“Sonhava em trocar o portão,” diz mulher que caiu em golpe de empresa de crédito

A empresa, localizada no município de Ivinhema, foi interditada no dia 8 de maio na 1ª fase da Operção Loki

Por Viviane Oliveira | 21/05/2024 12:04
O portão social da casa de Márcia é de madeira e o sonho dela era trocar por outro mais moderno (Foto: arquivo pessoal)
O portão social da casa de Márcia é de madeira e o sonho dela era trocar por outro mais moderno (Foto: arquivo pessoal)

“Esse dinheiro seria usado para trocar o portão e reformar a varanda da minha casa. Era o meu sonho”, desabafou a pensionista Márcia Aparecida Martins, de 55 anos, uma das vítimas que caiu em golpe do consignado de empresa de crédito e perdeu R$ 13 mil. Ela é cega de um olho e tem visão baixa do outro. O caso aconteceu em Ivinhema, distante 289 quilômetros de Campo Grande.

A sócia da empresa de crédito investigada por cometer crimes de estelionato contra idosos, analfabetos e portadores de deficiência, foi presa no sábado (18), no Residencial Solar do Vale, na segunda fase da Operação Loki, deflagrada pela Polícia Civil. A empresária, suspeita ter feito ao menos quatro vítimas, tentou coagir Márcia a mudar o depoimento dado à polícia. Ela também está sendo investigada por se passar pela filha de outros clientes visando a liberação de créditos. A empresa foi interditada no dia 8 de maio na 1ª fase da operação.

Pensionista, Márcia recebe 1 salário mínimo por mês e, para complementar a renda, trabalha como doméstica, mora com o esposo e o filho de 17 anos, que tem deficiência intelectual. Segundo ela, sempre fazia empréstimo nesta empresa e tinha confiança na mulher que a enganou. Tanto que deixou o cartão do banco com a empresária.

"Ela se aproveitou de mim, porque não enxergo de um olho e sou semianalfabeta. Ela sacou R$ 13 mil, mas me deu apenas 900", lamentou.  A transação foi feita em janeiro deste ano. Desde então vem sendo descontado da conta de Márcia R$ 308 por mês.

A investigação apurou que a empresária usava o cartão e senha dos clientes para fazer empréstimos sem autorização, assim como movimentações financeiras nas contas com a promessa de liberação de crédito.

Segundo a vítima, só descobriu o golpe em abril quando outra empresa ligou oferecendo crédito consignado, mas quando foi ver qual valor teria direito foi informada do saque. "Estou no prejuízo. Ao final do contrato, terei pago R$ 24 mil pelo dinheiro que não recebi, o dobro", lamentou.

Márcia reclama da situação e relata que dia desses os seus óculos quebraram e não tinha condições de comprar um novo. "Tive que pegar fiado na loja. Não posso ficar sem", afirmou.

Empresa foi lacrada por equipe do SIG (Setor de Investigações Gerais) no dia 8 de maio. (Foto: divulgação/PCMS)
Empresa foi lacrada por equipe do SIG (Setor de Investigações Gerais) no dia 8 de maio. (Foto: divulgação/PCMS)

Estelionato - A empresa de crédito e a sócia começaram a ser investigadas no final do ano de 2023, após boletim de ocorrência ser registrado pela primeira vítima. Nos meses seguintes, outras pessoas procuraram a delegacia da cidade contando terem sido vítimas da mesma empresa, todas eram idosas ou analfabetas.

Diante dos fatos, mediante autorização judicial, no dia 8 de maio policiais foram até a empresa, onde cumpriram mandado de busca e apreensão e recolheram do imóvel diversos aparelhos celulares e vários contratos, dentre eles alguns sem assinatura ou representante legal. Na ocasião, a empresária também foi intimada e as atividades da empresa foram interditadas provisoriamente. A mulher foi indiciada por três crimes de estelionato.

Depois de os mandados serem cumpridos, a empresária foi até a residência de Márcia e tentou a coagir para que mudasse o depoimento dado à polícia. Por esse motivo, visando evitar que as vítimas fossem ameaçadas a mudar suas versões e garantir a lisura do processo penal, a polícia representou pela prisão preventiva dela, que, após manifestação favorável do Ministério Público, foi deferida pelo Poder Judiciário.

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