Trabalho de técnica foi essencial para sucesso de parto durante Enem
Passa bem a estudante Pâmela de Oliveira Lescano, de 17 anos, e o bebê que nasceu durante a aplicação da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (4). A jovem teve o filho no banheiro da escola Catarina de Abreu, em Sidrolândia, município localizado a 71 km de Campo Grande.
Pâmela e o bebê, Everton Oliveira Muniz, estão internados no Hospital Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia. De acordo com o médico Renato Lima, apesar da jovem não ter feito o pré-natal e outros exames essenciais para o período de gestação, ambos têm previsão de receber alta amanhã.
O médico ressaltou o trabalho da técnica de enfermagem Lucimare Galhardo, que realizou o parto. “Foi primordial”.
Everton nasceu com 3,5 kg e 46 centímetros. “A média de tamanho e peso”, diz o médico, acreditando que o bebê tenha nascido com 40 semanas de gestação.
O médico esteve pela manhã no hospital para observar o estado de saúde de mãe e filho. O bebê ainda tem que passar por exames de toxoplasmose, citomegalovírus, e o teste do pezinho. Renato comentou que os exames serão fundamentais, principalmente, pelo fato de Pâmela ter realizado o parto dentro do banheiro, lugar de muitas bactérias.
Após o parto, a estudante afirmou que não sabia da gravidez. O médico conta que “não é nada de outro mundo”. Pâmela disse que não havia sentido sintomas e não sabia o que estava acontecendo durantes às mudanças no corpo. “O caso dela é raro, mas acontece”.
Renato comentou que os partos realizados fora de hospitais são comuns, principalmente em assentamentos. Entretanto, ele alerta para o risco. Como não houve acompanhamento, ninguém sabia a posição que o bebê estava dentro da barriga da mãe. “Se estivesse sentado, ela poderia perder o bebê e correr risco de morte”.
Parto – Lucimare Galhardo contou que trabalhou por oito anos no Hospital Elmíria Silvério Barbosa. Ela decidiu pedir exoneração para dar aula no colégio Catarina de Abreu.
A técnica de enfermagem disse que estava no colégio e pediram para que fosse ao banheiro. Quando chegou ao local, se deparou com a porta dentro de uma das cabinas do banheiro onde Pâmela estava.
Segundo ela, a estudante estava com a calça abaixada iniciando o parto. “A Pâmela foi muito guerreira”. A técnica de enfermagem disse que já realizou alguns partos, inclusive sozinha, mas este foi o primeiro totalmente no improviso. “Ela não gritou, foi o instinto materno”, elogia.
Lucimare diz que não teve medo e ficou tranquila no momento do parto, apesar do alvoroço dentro da escola. Do lado de fora do banheiro estavam funcionários para ajudar no parto. Enquanto isso, a prova do Enem continuava sendo aplicada.
Um policial militar ficou dentro do banheiro para evitar que outras pessoas entrassem. Quando Everton nasceu, a técnica de enfermagem utilizou um barbante para clampear o cordão umbilical. Funcionários esterilizaram uma tesoura com fogo para cortar o cordão.
Um lençol foi cedido para que o bebê fosse envolvido. Foram 15 minutos até o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegar ao colégio.
“A gente nunca sabe o que vai acontecer quando sai de casa. É uma benção de Deus, foi um presente ter participado. É um fato histórico na minha profissão”, diz a profissional.
Após o parto, Lucimare ainda limpou todo o banheiro para evitar qualquer alarde entre os estudantes, e para que também pudesse ser usado durante o período da prova.
O marido de Lucimare elogiou a atitude da esposa. Claudinei Reginaldo dos Santos, 42, pensionista, conta que está orgulhoso da mulher. “Ela estava no lugar certo e na hora certa”.