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Interior

Vereadores são suspeitos de ganhar propina para aprovar projetos de prefeito

Durante operação em imóveis de investigados, Gaeco apreendeu mais de R$ 88 mil em espécie com vereador

Dayene Paz, Antonio Bispo e Viviane Oliveira | 16/08/2023 10:09
Agentes do Gaeco entrando na Câmara de Ribas do Rio Pardo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Agentes do Gaeco entrando na Câmara de Ribas do Rio Pardo. (Foto: Henrique Kawaminami)

Casas de vereadores, de ex-funcionário da Câmara Municipal e do ex-prefeito José Domingues Ramos (PSDB), o "Zé Cabelo", foram alvos de buscas na manhã desta quarta-feira (16) por agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), em Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande. A investigação aponta que parlamentares ganhavam vantagens para aprovar projetos de interesse da prefeitura.

Foram cumpridos, na manhã desta quarta-feira (16), oito mandados de busca e apreensão. Celulares, computadores e documentos estão na lista de itens apreendidos pelos agentes, além de mais de R$ 88 mil em espécie na casa de um vereador.

Investigação - Em nota, o Gaeco afirma que se trata de uma associação criminosa formada por vereadores e pessoas a eles ligadas, voltada ao cometimento de corrupção e demais delitos correlatos.

"Em resumo, alguns vereadores, dentro de uma estrutura criminosa já formada, às vezes se valendo de terceiros, solicitavam vantagens indevidas para montarem uma base partidária e aprovarem os projetos de interesse do prefeito municipal, no âmbito da Câmara de Ribas do Rio Pardo, inclusive para votarem pelo arquivamento de comissões parlamentares instaladas para apurar eventuais crimes de responsabilidade dele."

Segundo o Gaeco, no decorrer das investigações, também foram detectados vários ilícitos eleitorais, que serão apurados. O nome da operação faz alusão ao escândalo de corrupções em Milão, na Itália, que ganhou denominação na mídia de tangentopoli (cidade das propinas), que é a combinação da palavra "tangente" (propina) e "poli" (cidade).

O vereador Álvaro Andrade dos Santos, o "Nego da Borracharia" (PSDB) - um dos alvos da operação - conversou com o Campo Grande News na frente da Casa de Leis de Ribas e estava aparentemente tranquilo. Ele informou desconhecer o motivo da operação. Álvaro teve computador, celular e documentos apreendidos no gabinete da Câmara.

Álvaro Andrade dos Santos, o Nego da Borracharia, conversou com o Campo Grande News. (Foto: Henrique Kawaminami)
Álvaro Andrade dos Santos, o Nego da Borracharia, conversou com o Campo Grande News. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Colaborei e passei a senha para eles, mas não tem equívoco, nada de errado, ao contrário, eu falei que almejava a vinda deles aqui há algum tempo, fiz inúmeras denúncias no Ministério Público", disse. Ainda, afirmou que é oposição ao prefeito.

O ex-diretor de RH da Câmara, Jefferson dos Santos Ataide, também foi alvo e teve o celular apreendido. Ele afirmou que não atua mais na Casa de Leis há um ano. "Não sei sobre o que se trata a operação", disse.

Jefferson conversou com a reportagem em frente à Câmara. (Foto: Henrique Kawaminami)
Jefferson conversou com a reportagem em frente à Câmara. (Foto: Henrique Kawaminami)

A casa e gabinete do vereador Tiago Gomes de Oliveira, o "Tiago do Zico" (PSDB), também foram vistoriados pelos agentes. No imóvel, foi apreendida a quantia em dinheiro, sendo mais de R$ 88 mil. Tiago saiu da Câmara acompanhado de advogado e não quis conversar com o Campo Grande News. 

Vereador Tiago, que teve o imóvel alvo de buscas. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vereador Tiago, que teve o imóvel alvo de buscas. (Foto: Henrique Kawaminami)

Outro alvo é o vereador Anderson Arry Januário Guimarães (PSDB), mas não há detalhes do que foi apreendido com ele. O imóvel do ex-prefeito Zé Cabelo também foi vistoriado pelo Gaeco nesta manhã.

Posicionamento - O presidente da Casa de Leis de Ribas do Rio Pardo, Luiz Antonio Fernandes Ribeiro, o Luiz do Sindicato (MDB), informou, por meio de nota, que colabora com as apurações do Gaeco. "O Gaeco realizou uma operação na Câmara Municipal, de busca e apreensão de documentos nos gabinetes particulares de alguns vereadores. Reforçamos o prestígio ao Ministério Público e concordamos com o seu poder investigativo, desde que respeitada a ordem democrática e os direitos individuais".

O atual prefeito de Ribas, João Alfredo Danieze (Psol), se limitou a dizer que não foi procurado e a operação é sigilosa.

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