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Interior

Vítima de "deep nude" alerta: "Pensamos que está longe de acontecer com a gente"

Jovem moradora de Jardim foi vítima de montagem de conteúdo sexual, com uso de inteligência artificial

Por Danielly Escher | 12/12/2023 12:22
Ana Beatriz Loureiro, vítima de montagem digital de cunho sexual (Foto: Rede social) 
Ana Beatriz Loureiro, vítima de montagem digital de cunho sexual (Foto: Rede social)

Bastou uma sequência de fotos postadas em rede social para alguém fazer uma montagem de conteúdo sexual, usando inteligência artificial contra a manicure Ana Beatriz Loureiro, de 20 anos. Moradora de Jardim, cidade de 26 mil habitantes e distante 236 quilômetros de Campo Grande, a jovem entrou em pânico quando soube o que estava acontecendo. "Alguém sem noção de montagem acredita que é real. Então fiquei bastante assustada em relação a isso. As pessoas que não sabiam que era montagem, como iriam reagir?", pensou naquele momento.

Com 31 mil seguidores no Instagram, a jovem é um sucesso na internet. Costumava postar vídeos descontraídos com milhares de visualizações. Até que alguém avisou, no dia 2 deste mês, sobre o "deep nude", como está sendo chamado o crime praticado contra Ana Beatriz. "Descobri por meio de uma menina que me conhecia das redes sociais, uma amiga dela viu a foto no celular do namorado e encaminhou para me alertar, eu não fazia ideia dessa situação", conta.

No mesmo dia, Ana Beatriz procurou a polícia. O boletim de ocorrência foi registrado, mas ela ainda não teve notícias sobre a investigação. "Infelizmente a justiça nesse tipo de crime na internet deixa a desejar demais. Isso é péssimo porque me sinto ainda mais desprotegida", desabafa.

Ana Beatriz chegou a procurar uma advogada. "Ela me deu as primeiras coordenadas do que fazer, mas já lá na delegacia mesmo, eles desanimam a gente dizendo que provavelmente não vão conseguir chegar a quem realmente fez a montagem", diz.

Imagem postada por Ana Beatriz e usada por criminoso para alterações de cunho sexual (Foto: Arquivo)
Imagem postada por Ana Beatriz e usada por criminoso para alterações de cunho sexual (Foto: Arquivo)

O que mudou - A jovem conta que os primeiros dias após a descoberta do crime foram de muita tristeza, não faz ideia de quem tenha feito isso, muito menos o motivo. Evita passear pela cidade e mantém contato apenas com as pessoas mais próximas. "Agora não consigo confiar nas pessoas. Fico pensando em quantas pessoas viram essa foto e não tiveram coragem de me contar. Agradeço muito à menina que teve essa coragem, nem morar na minha cidade ela mora e ainda bem expôs isso pra mim", detalha.

Ana Beatriz começou a sentir medo em relação às postagens nas redes sociais. O perfil que sempre foi aberto passou a ser fechado. "Pretendo parar, tentei excluir pessoas que eu não conhecia após o ocorrido, mas como é muita gente não consegui excluir tanto", conta.

Alerta - A jovem decidiu expor o que aconteceu no Instagram como um aviso: "Às vezes a gente vê uma coisa na televisão e pensa 'ah, isso não tem como acontecer comigo' ou 'ah, isso é coisa de gente profissional para fazer esse tipo de coisa'. Pensamos que tudo está longe de acontecer com a gente, mas não!".

Ana Beatriz diz agradecer a Deus pelo apoio da minha família para enfrentar este tipo de situação. "Me considero uma pessoas forte, mas fico pensando se fosse alguém que está passando por um momento difícil de depressão ou algo do tipo. Ao invés de deixar isso me corroer vou fazer o máximo para que o que aconteceu comigo sirva para ajudar as pessoas", conta a jovem.

Em outubro deste ano, o debate envolvendo este tipo de crime ganhou repercussão nacional quando a atriz Isis Valverde denunciou ter sido vítima do mesmo crime cibernético. Supostas “nudes” da atriz que circularam na internet eram, na verdade, imagens alteradas digitalmente, fazendo com que ela parecesse nua. Isis registrou boletim de ocorrência e acionou a Justiça.

Legislação - Na última quinta-feira (7), deputados federais aprovaram a criminalização de quem criar e divulgar imagens (foto e vídeo) de nudez e conteúdo sexual de uma pessoa usando inteligência artificial. Pelo texto, a pena para esse tipo de crime será de 1 a 4 anos de prisão, além de multa. Se o crime for cometido em função de atividade profissional, comercial ou funcional, a pena será aumentada pela metade. A proposta seguiu para análise do Senado.Campo Grande News - Conteúdo de VerdadeCampo Grande News - Conteúdo de Verdade

“A criação de montagens de conteúdo sexual sem o consentimento das pessoas envolvidas é uma violação séria da privacidade e intimidade que pode causar sérios danos emocionais e psicológicos às vítimas, prejudicando sua dignidade e autoestima”, diz relatório da deputada Luisa Canziani (PSD-PR). A proposta é de autoria da deputada Erika Kokay (PT-DF).

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