Governo deve entregar obras de revitalização do Parque das Nações Indígenas até dezembro
Com nova iluminação, pistas recuperadas e desassoreamento do lago, o parque se mantém como um dos principais cartões postais
Considerado um dos maiores parques urbanos do mundo e cartão postal de Campo Grande, o Parque das Nações Indígenas estará completamente revitalizado e entregue à população da capital até o final de dezembro deste ano. A previsão é do secretário Wilson Cabral, da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos do Mato Grosso do Sul (Agesul), com base nas estimativas apresentadas pelo engenheiro Giancarlo Camilo, responsável pela obra de desassoreamento e recuperação do lago principal (última etapa do projeto de recuperação do parque).
A proposta inicial era de concluir os trabalhos em fevereiro de 2012. Mas o tempo seco e a ação contínua das equipes, 9 horas por dia e todos os dias da semana, permitiram acelerar as obras. "Estamos com mais de 80% do processo de desassoreamento concluído", garante o Giancarlo.
Desde que foi inaugurado, esta é a segunda vez que o lago do Parque das Nações Indígenas passa por um processo de desassoreamento. A primeira limpeza deste tipo foi realizada em 2006. "O que temos hoje é basicamente a mesma configuração daquela época", ressalta Giancarlo. Areia e outros sedimentos, carregados pela chuva para dentro dos córregos que desembocam no lago, foram se acumulando no canal de entrada - entorno da passarela de acesso - reduzindo o volume de água e a profundidade do lago.
"Tínhamos capivaras andando na área sedimentada", lembra o secretário Wilson Cabral. "O lago mesmo estava muito superficial". Com o desassoreamento, as profundidades deverão variar entre 1,5 metro a 4,5 metros, o que permitirá a recolocação dos peixes que foram retirados durante a drenagem para início das obras. "Tivemos o cuidado de fazer uma 'depesca' durante a drenagem e os peixes removidos serão posteriormente devolvidos ao Lago 106, que é o lago maior", ressalta Giancarlo. Por enquanto, esses peixes estão em área alagada, nos lagos menores que formam o parque.
Os cuidados com as capivaras e outros animais menores que transitam pelo parque, como os quatis, também estão sendo tomados. "Evitamos deixar qualquer tipo de lixo, entulho ou restos de comida nos locais das obras", garante o engenheiro.
Investimentos de quase R$ 4 milhões - Ao todo, mais de 3,8 milhões de reais (R$ 3.851.132,21) estão sendo investidos nas obras de recuperação das áreas degradadas e melhorias na infraestrutura do parque. Deste montante, R$ 1,2 milhão foram aplicados na revitalização da iluminação, com a substituição de 190 luminárias e a relocação dos postes de iluminação do lago. A antiga iluminação oferecia pouca claridade, com maior consumo de energia. A partir de um estudo de eficiência energética, o governo trocou as lâmpadas, mantendo os postes ao longo da via pavimentada, permitindo maior luminosidade com uma economia no consumo da ordem de 52%.
Outros R$ 1 milhão e 241 mil foram aplicados na construção de dois novos portais de acesso, recapeamento das pistas de atletismo, pista de acesso ao CRAS - Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, sinalização das ciclovias e reforma dos núcleos de apoio, com a implantação de um núcleo da PM para ampliar a segurança no local.
O restante dos recursos - R$ 1.386.975,91 - está sendo investido na reconstrução da barragem do lago NA 120, na confluência dos córregos Relevo e Joaquim Português, e no desassoreamento do lago principal. "A reconstrução dessa barragem irá facilitar a limpeza do lago", garante o secretário Wilson Cabral, lembrando que o maior problema na revitalização do parque era este. "Era nossa maior preocupação. Recuperar a barragem, desassorear o lago. Estava muito ruim e um lugar tão bonito como este não pode ficar assim", garante Cabral.
A proposta com a reconstrução da barragem, que está sendo refeita toda em concreto pré-moldado, é reter ali boa parte dos sedimentos que vão para o lago maior. "Queremos impedir a sedimentação pelo menos do grosso", ressalta Giancarlo Camilo. "Isto irá facilitar a retirada do material quando for necessária uma nova limpeza".
Lago poderia acabar - Na avaliação do secretário Wilson Cabral, se o projeto não fosse executado e o assoreamento continuasse, o lago do Parque das Nações Indígenas poderia acabar. "O que vinha acontecendo aqui é o mesmo que aconteceu com o lago do Rádio Clube Campo, que desapareceu em dois anos", lembra Giancarlo Camilo. "O carreamento de sedimentos foi tão grande que o lago ficou totalmente assoreado".
"Tanto os córregos que formam o lago, como o lago do parque, ficam em áreas baixas, cercadas por vias pavimentadas. Quando chove, toda a areia carregada pela água da chuva acaba dentro do lago", ressalta Cabral. Problema que o secretário esperar amenizar com a reconstrução da barragem no lago NA 120.
Ao todo, devem ser retirados do lago principal 9.500 metros cúbicos de sedimentos (basicamente areia). Todo este material, livre de lixo ou entulho, está sendo levado para o depósito do município, uma jazida de arenito da prefeitura, localizado a cerca de 8 km da capital. Para não prejudicar a prática de esportes nas pistas do parque e a visitação, principalmente aos finais de semana e nos horários de maior movimento, os trabalhos estão sendo executados diariamente, mas com redução do tráfego de caminhões nos "horários de pico".
Cultura, esporte e meio ambiente em um só lugar - O Parque das Nações indígenas possui uma área de 119 hectares. Junto com o Parque dos Poderes, Parque do Sóter e Prosa forma uma das maiores áreas verdes urbanas do mundo.
No local, além da prática de esportes proporcionada pelos 4.000 metros de pista de atlestimo, pista de skate e patins, ciclovias e aparelhos de ginástica ao ar livre, também é possível conciliar cultura e pesquisa, em meio a espécimes vegetais e animais típicas do cerrado e do pantanal sul-mato-grossense. 70% da vegetação é composta por grama e árvores ornamentais, mas uma caminhada pelo parque permite encontrar exemplares de jenipapo, mangueira e aroeira, entre outros.
Os pássaros, principalmente bem-te-vi, joão de barro, canário da terra e sabiás, são a maioria. Mas não é difícil esbarrar com capivaras vagando tranquilas próximas ao lago e córregos, e quatis cruzando os gramados e as pistas. Em meio a essa exuberância de flora e fauna, o parque ainda guarda segredos como a descoberta da existência de povos pré-colombianos que teriam habitado o local na pré-história.
Para quem procura arte, cultura e pesquisa, as opções são muitas. O Museu de Arte Contemporânea (MARCO) revela o novo e os olhares dos novos artistas sul-mato-grossenses sobre o passado e o presente. Nos museus do Índio e de História Natural, os registros dos primeiros habitantes do Estado - suas culturas, tradições e legados - homenageados também através do Monumento do Índio, erguido junto ao lago principal, e nos portais de acesso que levam o nome de etnias do Mato Grosso do Sul (Terena, Kadwéu, Guarani-Kaiowá, Kinikinaw), além do próprio nome do parque - Nações Indígenas.
Shows, apresentações de teatro e outros espetáculos podem ser vistos na Praça de Eventos e na Concha Acústica. A infraestrutura se completa com sanitários, lixeiras, lanchonetes e os núcleos de apoio.
Aquário do Pantanal amplia as atrações do parque - Em maio deste ano, o governador André Puccinelli (PMDB) assinou a ordem de serviço no valor de R$ 84,7 milhões para a construção do Aquário do Pantanal, que irá ocupar 18,6 mil metros quadrados de área construída, dentro do Parque das Nações Indígenas. O espaço já está demarcado e a obra, com capacidade para receber até 20 mil visitantes/dia, deve ficar pronta até o final de 2013.
Serão 24 tanques de aquário, que comportarão 6,6 milhões de litros de água e mais de 7 mil animais, subdivididos em mais de 200 espécies de peixes, mamíferos, répteis e invertebrados, tornando o Aquário do Pantanal o maior aquário de água doce do mundo e uma referência para consultas científicas sobre a flora e fauna da região pantaneira.
Além dos espaços abertos à visitação pública, o aquário terá laboratórios para pesquisas científicas e tecnológicas, e uma biblioteca da biodiversidade com acervo eletrônico e acesso disponível 24 horas. O público poderá conhecer as espécies em exposição através de espaços internos e externos, em tanques que terão os nomes de rios e animais da fauna sul-mato-grossense. Também será construído em Centro de Interatividade, onde o visitante poderá conhecer a história da formação do planeta, os fósseis pré-históricos, seres microcóspicos e outros.