ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  26    CAMPO GRANDE 27º

Bate Papo Empreendedor

Você já ouviu falar sobre burnout (queima total)?

Heitor Castro | 20/01/2022 08:45

Essa síndrome está totalmente ligada com a sua saúde mental, causada pelo estresse permanente do trabalho. Metas, horas extras, pressão e uma cultura que faz da sua saúde um tabu, são causas de esgotamento profissional e as perdas econômicas e sociais são enormes.

Antes de tudo, primeiro preciso citar alguns dados e explicar que a descoberta dessa síndrome aconteceu em 1974, pelo psicanalista alemão Herbert J. Freudenberg. Ele estudou profundamente esse tema, e ele próprio desconfiava padecer dessa síndrome. Na década seguinte, a psicóloga americana Christina Maslach, da Universidade da Califórnia em Berkeley, acabou desenvolvendo um questionário para conseguir identificar melhor essa síndrome, o mesmo utilizado pelos pesquisadores da USP que irei citar daqui a pouco. Outro ponto interessante sobre o tema é que em 2019 a Academia Nacional de Medicina dos EUA, identificou o burnout em 54% dos enfermeiros e médicos americanos e em 60% dos estudantes de medicina e residentes. O fenômeno é global e o Brasil, infelizmente, é um dos destaques. No Japão, 70% da população economicamente ativa diz ter tido burnout. A França é exemplo positivo, e é um dos primeiros países que já começaram a tomar medidas sobre isso, uma lei está em vigor desde 2017 estabelecendo o “direito de se desconectar” e proíbe as empresas de mandar emails ou mensagens para seus colaboradores fora do horário de trabalho.

Quando analisamos mais profundamente, o pesquisador americano Jeffrey Pfeffer, autor de Dying for a paycheck (Morrendo por um salário), professor na Universidade Stanford, na Califórnia, é direto ao sugerir o que fazer quando o trabalho se torna prejudicial à saúde. “Em locais de trabalho tóxico, as pessoas devem fazer o mesmo que fariam se estivessem em um lugar cheio de fumaça ou pegando fogo: sair. Não há outra alternativa razoável, pois as consequências para a saúde são mortais.”

Todas essas informações preliminares se culminam em apenas um tópico:

O trabalho pode ser gratificante, mas também sufocante. Uma pesquisa indica que um em cada cinco trabalhadores brasileiros já sofre de burnout. Chega uma hora em que o estresse recorrente com o trabalho não passa. A sensação de falta de energia ou de exaustão é constante. Todos os pensamentos sobre a vida profissional são negativos, cínicos, distantes. Um sentimento de impotência toma conta, e a produtividade cai. Não se trata de "mimimi" de jovens despreparados para os rigores da vida adulta, tampouco de um esgotamento que só atinge altos executivos de agendas extenuantes. A descrição acima é a do "burnout", um mal de nossos tempos que, neste ano, passou a ser classificado como síndrome pela Organização Mundial da Sáude (OMS) e já atinge quase 20 milhões de brasileiros, como indica uma pesquisa inédita da USP.

 Muita gente diz que burnout é depressão, estresse ou ansiedade. No burnout, podemos ter tudo isso acumulado explica a psiquiatra Carmita Abdo, professora de medicina e coordenadora do estudo da USP, que ouviu 6.070 pessoas com idades entre 21 e 65 anos, de diferentes cidades e classes sociais. "As áreas cerebrais afetadas são as mesmas. Mas a peculiaridade do burnout é que ele se desenvolve especificamente devido ao trabalho. A pesquisa constatou que um em cada cinco trabalhadores brasileiros sofre de burnout. Quando se levam em consideração também os que tiveram ao menos algum dos sinais, mas não "queima total", fica-se diante de um quadro que atinge metade da força de trabalho do país. Como o trabalho sempre foi sinônimo de algum grau de estresse, uma das interrogações lançadas pela pesquisa da USP é justamente o que estaria causando esses índices.

A conclusão é que a rotina profissional piorou nos últimos anos, impulsionada pelos avanços da tecnologia, mudanças na sociedade e no mercado de trabalho e novas dinâmicas empresariais, que acabou por abalar a saúde mental das pessoas. O fato é que hoje tudo é urgente e a carga horária do trabalhador brasileiro se manteve estável em 40 horas semanais, segundo os dados do IBGE, mas a verdade é que esse número não capta as muitas mensagens de Whatsapp e emails de superiores e colegas que começam a chegar fora do horário de expediente, acaba que todos nós estamos dependentes e escravizados por aplicativos que nos “conectam”.

Além disso, hoje temos sistemas de metas para os vários níveis de colaboradores, raros há algumas décadas, mas que hoje são mais comuns. Se pararmos para pensar realmente existe um desajuste maior entre o tempo que as pessoas dedicam ao trabalho e o que dedicam a si mesmas e às suas famílias, isso é um indicador desse novo tempo. O fato é que quanto mais se dá atenção ao trabalho, menos tempo se tem para outras atividades que ajudariam a diminuir a pressão do próprio trabalho.

Os dados mostram que a síndrome atinge especialmente os profissionais com menos de 30 anos, as gerações mais novas tem menos recursos protetivos, ações como dizer não e reconhecer que não fazer algo exigem certa maturidade, ou no mínimo, uma posição melhor dentro da empresa.

As quinas da vida, que sempre estiveram aí no mundo profissional, agora estão ainda mais agudas, machucam mais essa nova geração, e isso favorece o burnout, inclusive porque os dispositivos de tratamento natural para isso, como deixar de lado os smartphones e recorrer aos amigos, são menos difundidos entre os mais jovens.

72% da população brasileira tem alguma sequela de estresse e 30% destes sofrem de burnout. 92% se sentem incapacitados para trabalhar. Deles, 90% praticam presenteísmo. 49% sofrem de depressão, com risco de 50% de reincidência, se reincidir, há 90% de probabilidade de ter mais episódios, tornando a doença um caso crônico. Em todos os níveis hierárquicos o estresse alto aumentou: Membro do conselho 2018 - 27% e em 2019 - 40%. CEO 2018 27% e em 2019 45%. VP 2018 39% e em 2019 43%. Gerente 2018 44% e em 2019 50%.

Os mais estressados do mundo: O Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior incidência de burnout na população economicamente ativa. Japão 70%, Brasil 30%, China 24%, EUA 20%, Alemanha 17%.

No planejamento das empresas brasileiras, investir na saúde dos colaboradores está em pauta nesse 2020: 30% querem promover iniciativas. 46% das empresas dizem ter alguma prática benéfica para a saúde mental dos colaboradores.

Sendo: 53% massagem, 49% suporte telefônico para problemas relacionados a saúde mental, 28% sala de descompressão, 17% meditação e mindfulness, 16% psicólogos na empresa, 12% coaching de saúde.

A solução para conter tudo isso?

  1. Estabelecer canais internos de comunicação
  2. Conscientizar os líderes
  3. Buscar apoio de especialistas
  4. Ampliar benefícios relacionados à saúde

O fato é que o burnout é um assunto que ainda vai ser muito discutido nos próximo anos, e nós como empreendedores devemos ficar ligados, pois a saúde de nossos colaboradores também deve ser levado em conta para manter um ambiente fluido e saudável dentro do seu business.

Fontes: Isma-BR, Betânia Tanure Associados, Consultorias, Google, Exame, Época.

Nos siga no Google Notícias