Como anda o seu senso de coletividade?
Em um momento no qual o individualismo reina, é preciso pensar no bem-estar coletivo ao tomar decisões
Na última semana, acompanhamos a evacuação de um enorme Airbus A350, da Japan Airlines, que se chocou com um avião menor durante o pouso no aeroporto de Haneda, em Tóquio. Ao longo de 18 minutos, a tripulação, muito bem treinada – e em um avião que estava sendo consumido pelo fogo, conseguiu retirar todos os 367 passageiros, ilesos.
Guiados por tripulantes extremamente treinados – e que mantiveram a calma, os passageiros obedeceram às regras e seguiram todas as instruções para que pudessem ser retirados em segurança do avião. Assistindo a uma reportagem sobre o acidente, me deparei com o seguinte depoimento de um especialista “O senso de coletividade dos japoneses é notável, eles são colaborativos. Passageiros e comissários orquestraram a evacuação bem-sucedida, para a qual é necessária disciplina. A sociedade japonesa é tudo menos individualista, e isso foi fundamental".
Automaticamente me fiz a pergunta: “se fosse no Brasil, o resultado teria sido o mesmo?”. Ninguém pode saber a resposta desta pergunta, mas a chance de ser cada um por si ali na hora, e de morrer muita gente em consequência disso, é enorme.
Na semana passada fui para Piraputanga, aqui em Mato Grosso do Sul, para relaxar e curtir a natureza. Fui tomar banho no Córrego das Antas, que estava vazio quando cheguei, e pude ouvir por 15 minutos o com dos pássaros, da água descendo o córrego, foi delicioso. Logo chegaram umas dez pessoas carregando mesas de plástico, bebidas e uma caixa de som, que já estava ligada no último volume com uma música estridente.
Fiquei tão irritada com a falta de respeito que fui embora imediatamente. Ninguém ali perguntou se estávamos confortáveis em ouvir o som deles no último volume, e nem ficaram com receio de incomodar quem já estava ali. Também encontrei muitas garrafas de cerveja quebradas junto às pedras do córrego. Então o local também estava extremamente suscetível a acidentes.
No caso do pessoal sem noção e das pessoas que jogaram garrafas de vidro e lixo dentro de um córrego, o sensação é a mesma: falta senso de coletividade, de pensar no próximo.
A falta de coletividade é tanta que em muitos banheiros são colocados cartazes pedindo para cuidarem daquele espaço e “pensarem no próximo que usará”. Parece óbvio que a gente não vive sozinho no mundo, mas não é assim que muita gente pensa.
Pensar no impacto das nossas ações para o outro pode parecer básico, mas está cada vez mais raro. É preciso que as pessoas entendam que comportamentos individuais refletem no todo de maneira coletiva. Por isso os passageiros do avião japonês sobreviveram.
Nunca a famosa frase “seja a mudança que você quer ver no mundo” fez tanto sentido.
(*) Larissa Almeida é formada em Comunicação Social pela UFMS e pós-graduada em Influência Digital pela PUC-RS. Trabalhou durante 14 anos na área de comunicação e imagem em importantes instituições como Caixa Econômica Federal, Prefeitura de Campo Grande, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Senado Federal, além de ter coordenado a comunicação da Sanesul. Consultora de imagem formada pelo RML Academy e Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Especialista em Dress Code e comportamento profissional por Cláudia Matarazzo e RMJ Treinamento e Desenvolvimento Empresarial. Siga no Instagram @vistavoce_.
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