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Em Pauta

A cerveja os salvou. A epidemia que mudou a ciência e as cidades

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/06/2020 08:11
A cerveja os salvou. A epidemia que mudou a ciência e as cidades

O verão de 1854 foi rigoroso em Londres. Os 60 trabalhadores da fábrica de cerveja "Lion Brewery" tomavam o produto que fabricavam como parte de seus salários. E graças à cerveja se salvaram. Só eles não bebiam a água do poço do bairro. Era uma água muito apreciada pelos trabalhadores e moradores de Broad Street. Mas eles preferiam a bebida alcoólica. Ao lado da fábrica de cerveja havia uma de armas. Dezenas dos que nela trabalhavam morreram pela transmissão de cólera. Eram os maiores propagandistas da água do poço. Os irmãos que administravam a fábrica de armas recolhiam uma garrafa de água do poço todos os dias e mandavam para sua mãe, que vivia em um bairro distante. Essas três situações - beber cerveja, beber água do poço e a garrafa de água para a mãe - mudariam a história das epidemias. É mais que isso, mudaria as cidades do mundo.


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Falta de caráter dos trabalhadores e miasmas.

Naquele tempo, algo como 95% dos médicos, e a totalidade dos governantes, acreditava que as frequentes epidemias de cólera ocorriam pela falta de caráter dos trabalhadores e por "miasmas". Existiria algo no ar pestilento - que chamavam de "miasmas" - que provocava as epidemias. Também acreditavam em fadas. Os médicos tinham absoluta certeza que não ocorriam contágios.


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Londres se afogava em sua própria imundice.

Não esqueçamos que N.York, a cidade que mais crescia no mundo, tinha esterco de cavalos nas ruas e becos que chegavam à altura de um prédio de 6 andares. Londres não era diferente. Toda sorte de dejetos eram jogados nas ruas. As ruas eram verdadeiros lixões. Mas era ainda pior que a cidade dos estercos de cavalos, onde defecavam, tomavam água. Os poços que levavam água para os trabalhadores e moradores estavam cheios de fezes humanas.

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Surge um médico pobre, vegetariano e abstêmio.

Se a cerveja salvou os trabalhadores da cervejaria da epidemia de cólera. A cidade de Londres seria salva por John Snow, um médico pobre, vegetariano e abstêmio. Snow tinha uma teoria na cabeça. Havia verificado as condições de higiene dos trabalhadores em minas de carvão. Eram nessas "tocas" que ocorriam as piores condições higiênicas. Snow vinculava as epidemias de cólera às fezes. Ainda que sob o peso das enormes críticas de seus colegas médicos, dos governantes e da imprensa, esse médico continuou estudando sua tese. E fez algo que hoje é corriqueiro no enfrentamento de epidemias: fez um mapa da cidade apontando onde havia doentes. O mapa de Snow até hoje é copiado em todo o mundo. E mais, se não fosse a tese dele, as cidades continuariam sendo lixões, continuaríamos nos afogando em imundícies. A história da higiene pública começa com Snow. Milhões de vidas são devidas a esse homem estudioso e determinado. Os miasmáticos e toda sorte de crendices caiu por terra. Os governantes foram obrigados a mudar os cuidados com as cidades. A ciência venceu a ignorância....


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