A reforma neutra de Haddad e o imposto sobre o pum de vaca
O ministro da Fazenda acaba de conceder a primeira entrevista sobre a reforma tributária que será apresentada ao Congresso. Do Haddad que será neutra, não aumentará nem reduzirá a carga tributária do país. Carga tributária é um elemento político, serve para acalmar empresários. Nada diz. É como afirmar que o céu é azul. O que de fato interessa é o imposto proposto que poderá incidir sobre cada empresa e pessoa física.
Cobrir o rombo de R$ 231 bilhões.
Ainda no governo anterior, o PT conseguiu aprovar a PEC da Transição. Custou nada menos de R$ 169 bilhões. O dinheiro irá para o Bolsa Família, saúde e investimentos. Somado esse valor ao rombo original proposto pelo governo Bolsonaro, o rombo total projetado para 2023 é de R$ 231 bilhões. Essa PEC, essa despesa gigantesca, teve sua aprovação acoplada à garantia de que seria coberto por uma reforma tributária. Não passava de balela ou a reforma tributária não será neutra. Não há dinheiro caindo do céu. Alguém tem de pagar os R$ 231 bilhões.
Imposto sobre grandes fortunas.
É o imposto queridinho das esquerdas no mundo. Faltou dinheiro em algum lugar, imediatamente propõem o "imposto sobre grandes fortunas". Nunca deu certo. Não conheço rico bobo, pelo contrário. Via de regra, retiram seu dinheiro e investimentos do país que cobra esse imposto exclusivo.
Imposto sobre o pum das vacas e Bernardo Appy.
Appy é o autor de várias propostas de reforma tributária. Não sei quantas Appy criou, mas lutei pelo menos contra três delas. Creio que não exista um economista brasileiro que dedique tanto tempo a estudar reforma tributária. Conhece profundamente essa pauta. Certamente está procurando repor o rombo de R$ 231 bilhões. Appy esteve algum tempo afastado das lides tributárias desde quando trouxe a proposta da Nova Zelândia de taxar o pum das vacas. Perguntei a ele se a aferição seria feita com a criação de um "peidômetro" ou se era apenas um formato ambientalista para cobrar imposto de fazendeiro. Ainda que excêntrico e risível, o "imposto sobre a flatulência do gado" vem sendo cobrado em alguns países. A Dinamarca, por exemplo, cobra US$ 110 por cabeça de vaca ou ovelha. Minha contraproposta à de Appy é cobrar imposto sobre as barbas, marca registrada de petistas.