Amor. A história do Ocidente contada pelas relações afetuosas
A relação de Ulisses e Penélope, contada por Homero na "Odisseia", pode funcionar como o fio condutor daquilo que os ocidentais definem como amor. Uma fantasia, uma narrativa que marcou a história humana da metade do mundo. O amor entre um casal, como li em algum lugar, que aguenta "qualquer tranco", supera problemas insuperáveis.
Cinco formas de amar.
Há o amor como união entre afins. A melhor história desse tipo de relação é a dos escritores Montaigne e La Boétie. Também há o amor como maneira de transcender, que o abade Bernardo de Claraval, por exemplo, praticou para aproximar-se de Deus através de mortificação pessoal. O do cotidiano, todavia, há muitos séculos vem sendo o amor como contrato. Aquele que implica certas obrigações, como a de sustentar a família, papel destinado aos homens e criar filhos, destinado às mulheres. Esse amor, tão comum, teve seu marco definido pelo Império Romano. Ainda há o amor como sonho obsessivo. Algo próximo a uma doença mental. Típico daqueles e daquelas que sonham viver com um ídolo. O amor da jovem por seu cantor predileto, um exemplo. E há o amor como desejo insaciável. Esse vem de outro período histórico, o tempo de Don Juan.
"Mamãe, te amo".
Não tenho nem ideia do que é o amor. Além do mais, sou uma criatura do passado. Mas creio que os psicólogos, aqueles que procuram entender o amor, não levam em conta a longa história dos sentimentos em que estamos imersos. Eles procuram explicar o amor pelos ensinamentos dos pais e do entorno em que vivemos. Mas não é tão simples. Quando um bebê nasce, não chega dizendo: "mamãe, te amo". Ele vem chorando. A mãe canta e diz: "mamãe te ama". Até que os sentimentos tenham alguma coerência com a palavra "amor". Depois vem a escola. Fazem amigos. Com eles aprendem. Na adolescência se beijam e pegam nas mãos. Mas, nossa família, amigos, televisão, canções.... contam histórias do passado. São dessas histórias que derivam ideias, normas e valores. Os historiadores podem acrescentar ao contar o que foi o amor em nossa civilização. Uma pergunta: onde foi parar o amor transcendental, aquele de Bernardo de Claraval?