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Em Pauta

Bip-bip, o GPS é o filho inesperado do satélite Sputnik

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/10/2022 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

A história do GPS inicia no mesmo dia da corrida espacial: 4 de outubro de 1.957. Nessa data os russos colocaram em órbita o primeiro objeto humano, o famosíssimo Sputnik. A notícia surpreendeu o mundo... e foi um banho de água fria para os Estados Unidos. Ainda mais surpreendente foi para os cientistas russos e norte-americanos que poucos dias antes - em 30 de setembro - se reuniam em Washington. Cada grupo apresentaria seus avanços em projetos de satélites. Existiam projetos conjuntos para levar nos satélites emissoras de rádio que transmitiriam sinais de volta para a Terra para seguir a órbita de um futuro satélite e confirmar o êxito da missão. Mas os russos foram ladinos, não mostraram o enorme avanço que tinham conquistado. Faltavam poucos dias para lançar seu Sputnik.


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A notícia bombástica veio em um jantar de confraternização.

Coincidindo com o jantar de encerramento dessa conferência, a agência russa de informações, naquele 4 de outubro, anunciou detalhadamente o lançamento do Sputnik. Para piorar os ânimos dos norte-americanos, nessa mesma notícia os russos conclamavam todos os cidadãos do mundo a acompanhar o voo do satélite. Para isso, bastava ter um aparelho de rádio frequência, muito em voga em todos os países. Todos os radioamadores do mundo colocaram-se a postos para ouvir o bip-bip do Sputnik passando sobre suas cabeças. O mundo estava eletrizado pela novidade russa. Os norte-americanos, enfurecidos.


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A vingança se chama GPS.

Mas esse clima não demoraria a reverter, pelo menos para os cientistas dos EUA envolvidos na corrida espacial. Tinham de dar um salto qualitativo na Guerra Fria. A resposta veio da Universidade John Hopkins. William Guier e George Weinffenbach conseguiram calcular a que distância estavam do Sputnik usando seus conhecimentos do efeito Doppler, o mesmo que altera o som do apito de um trem enquanto passa por uma estação.


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E nasce o GPS.

Em poucos dias, foram recrutados para resolver o problema inverso: usar o efeito Doppler não para localizar um satélite mas para determinar uma localização desconhecida que receberia o sinal de um satélite, a ser lançado pelos EUA, cuja trajetória seria conhecida com precisão. A ideia era guiar mísseis norte-americanos até alvos russos. Levaram três anos estudando, só superariam os testes em 1.960. E entraria em funcionamento militar em 1.964 em conjunto com uma constelação de cinco satélites. Os norte-americanos estavam prontos para lançar seus misseis na cabeça dos russos com precisão. Era o ano em que os EUA colocaram ogivas nucleares na Turquia. Em resposta, os russos colocaram as suas em Cuba. Mais de trinta anos depois, em 1.996, em conjunto com 24 satélites, os EUA colocariam o GPS para uso civil. A guerra saíra do radar, entrara o lucro.

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