Casamento: no início, era zero romance, puro acordo comercial
Imagine a cena. Um homem aguardava, em uma espécie de altar, por uma garota que vinha conduzida até ele pelo braço do pai. O futuro marido cobria o rosto da noiva com um véu, na presença de testemunhas e declarava solenemente: "ela é minha esposa". Até aí, nada muito diferente dos dias atuais. A diferença do ritual acontecia antes de subirem ao altar, no noivado. O futuro marido derramava perfume na cabeça daquela que seria sua esposa, levava presentes e alimentos.
O primeiro casamento.
O registro mais antigo de um casamento é de 2.350 antes de Cristo. Ocorreu na Suméria, onde hoje fica o Iraque, é o berço dos primeiros escritos da humanidade. Mas tudo começava de uma forma onde o romantismo era zero. O que de fato ocorria - e assim continuou por milênios - era um acordo comercial.
O preço de uma mulher.
Até onde se sabe, não era fácil encontrar uma mulher para casar. O jovem sumério tinha de fazer uma proposta ao futuro sogro, em geral a troco de vacas, ovelhas ou de grãos. A mulher não tinha voz, infelizmente. Em seguida, o pai da moça e o jovem assinavam um contrato naquelas tabuletas de argila, típica dos sumérios. Nesse contrato, estava estipulado que poderia ocorrer devolução em caso de infertilidade. Para eles, a infertilidade era sempre feminina. A alternativa era arrumar uma segunda esposa.
Concubinas ou escravas.
Mas as devoluções eram raras. O matrimônio sumério tinha bases sólidas no princípio da monogamia. Também, no patriarcado, na sua forma mais bruta. Comum era o homem ter concubinas - um tipo de amante - ou escravas que satisfizessem seus desejos sexuais. Além disso, o marido poderia dar sua mulher para saldar uma dívida.