César, o ditador, ensinou os políticos a cuidarem da imagem
Há pouco presenciamos o embate entre os candidatos a governador do MS. Dois deles, André e Riedel, são antípodas, diametralmente opostos um ao outro, abrem esta história. André é o típico machão italiano, avesso a cuidar da imagem, não aceita tratamentos de beleza e nem roupas caras. Riedel vive no lado oposto do mundo. Antigo gorduchinho, cuidou do peso corporal para concorrer às eleições. Foi bem além, adquiriu roupas apropriadas e fez tratamentos de postura e de embelezamento. O resultado todos conhecem. Como começa essa história de políticos cuidarem da imagem?
Kennedy versus Nixon.
Quem procurar livros para conhecer os primórdios do marketing político, dos cuidados da imagem que os políticos tentam passar para os eleitores, se deparará, obrigatoriamente, com a história do debate televisivo entre Kennedy e Nixon, que concorriam à presidência dos EUA. Pela primeira vez, os eleitores norte-americanos deixariam de ouvir pelas rádios esse debate final. A televisão começava o ocupar esse espaço. Kennedy apareceu muito bem vestido, queimado de sol, por ter feito campanha na Califórnia pouco antes, com cabelos e pele bem cuidados. No polo oposto, Nixon surge com barba sem fazer, com feições doentias, pois tinha saído de uma pneumonia, e muito mal vestido. Kennedy, que estava atrás nas pesquisas, venceu. Mas essa é uma história manca. Não conta que Kennedy conhecia César e Nixon nada sabia sobre o ditador romano
"Putain".
Em outubro de 2.007, arqueólogos franceses que exploravam um rio em Arles, içaram da água uma cabeça de mármore. Dizem que ainda estava pingando quando o diretor da equipe gritou: "Putain, mais c'est César" ("Caralho, é César "). Como ele descobriu tão rapidamente que era uma imagem de César? O imperador cuidava da imagem como ninguém tinha feito até então. Sua imagem aparecia, em bustos (escultor cortar o corpo de alguém, ficando só a cabeça, é invenção dessa época, para ter milhares de imagens bem mais baratas que de corpo inteiro), em moedas (outra invenção dessa época para divulgar a imagem de Cesar), e até em procissões, ladeando deuses. Replicava sua imagem centenas e centenas de vezes.
Como cuidar da imagem, segundo César.
Ninguém sabe se César era alto ou baixo, gordo ou magro. Escondia sob uma grande toga, ou armadura, suas características corporais. Dizem que ele tinha pele clara, rosto bem cheio e olhos escuros. Nunca aparecia em público sem estar com o cabelo bem penteado e cortado, além da barba feita. Costumava também arrancar os pelos do corpo. Via a própria calvície como uma deformação terrível, pois achava que o expunha a zombarias da oposição. Então costumava pentear o pouco cabelo que tinha, do cocoruto para a frente. Raramente tirava a coroa de louros, pois escondia a careca. Por todos esses cuidados, a imagem de César, passados dois mil anos, é muito conhecida.