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Em Pauta

Como começaram as divisões entre "esquerda" e "direita"

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/10/2022 06:20
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A origem da ideia de ser de esquerda ou de direita é apenas de logística. É bem blasé. E poderia ser o inverso, os parlamentares franceses, na época da Revolução, que se sentavam à direita do presidente da Assembleia, passaram a ser chamados "de direita"; já os que se sentavam do lado esquerdo do presidente, passaram a receber a alcunha "de esquerda".


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Dois grupos à favor do rei, e dois contra.

A Assembleia era formada por agrupamentos políticos de mentalidade bem diversa. Havia os patriotas moderados, grupo mais numeroso. Era composto por burgueses que defendiam mudanças graduais e os interesses da classe média. Próximos a estes, havia os patriotas radicais. O nome fala por si. Eram da baixa burguesia que aspiravam por mudanças mais extremas e imediatas. No outro lado da "torcida", estavam os aristocratas - pessoas da nobreza e do alto clero. Lutavam pela manutenção de seus privilégios históricos, como não pagar impostos. E também havia o partido "monarquiano", grupo moderado que aspirava pelo fim da monarquia absolutista, mas copiasse a monarquia constitucional inglesa. Um rei sem poderes. Nascia o conceito de esquerda e direita.


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Bagunça: feminista e socialista vão para a guilhotina.

Esta é uma tentativa de organizar a bagunça. Em verdade, a Assembleia Francesa Revolucionária era uma enorme gritaria com muitos decibéis. Uma tremenda baderna. Citemos apenas dois exemplos dos perigos que era viver nesse clima tão polarizado. Olympe de Gouges gritava por direitos iguais para as mulheres. Então os jacobinos - aqueles tais patriotas radicais - a mandaram para a guilhotina. E tem algo ainda mais impensável. O jornalista Gracchus Babeuf, um socialista antes da existência do socialismo, considerado o inspirador de Karl Marx, estava incomodando a esquerda e a direita com as ideias de coletivização das terras e ataques à iniciativa privada. Resultado: guilhotina para ele também.


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Burke, o pai do conservadorismo moderno.

Se o romano Cincinatti é considerado o pai do conservadorismo na Antiguidade, o irlandês Edmund Burke, é o pai do moderno. Contemporâneo da Revolução Francesa, previu que acabaria em um derramamento de sangue, como de fato ocorreu. Rejeitava o culto ao progresso e dizia que uma constituição não poderia nascer de ideias inéditas, deveria estar baseada na tradição, na experiência acumulada ao longo dos séculos. Ou seja: na "conservação" dos melhores valores produzidos pela sociedade. Era favorável à liberdade do comércio, à propriedade privada e aos direitos herdados. Nascia o "conservadorismo".


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Maistre e os reacionários.

No Brasil, tendem a transformar em sinônimo as ideias de "conservador" e "reacionário". Não é assim. O filósofo Joseph de Maistre tinha uma interpretação autoritária do conservadorismo, baseada em "trono e altar". Nada de Estado laico. Para Maistre o poder deveria pertencer ao Papa, ainda que necessitasse de ferro e fogo para obtê-lo. Era adepto da teocracia.


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Paine, o opositor de Burke.

E do outro lado? O opositor de Burke na época foi o político britânico Thomas Paine, um entusiasta da Revolução Francesa. Paine acreditava que era possível começar o mundo do zero, uma crença compartilhada por iluministas e racionalistas do XVIII. Em 1.797, lançou seu "Agrarian Justice" (Justiça Agrária) em que discutia a propriedade privada e introduzia o conceito de uma renda mínima para todos os cidadãos. Mas Paine, por outro lado, foi o grande defensor da posse de armas.  No final, o fato é: entre esses dois mundos, tão discordantes, o fundamental mesmo é o humanismo dentro de cada um.
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