Copa da Argentina 78. Por trás do bigode do ditador
Futebol e política sempre estiveram entrelaçados. A Copa da Argentina, em 1.978, tentou esconder algo obscuro, turvo. Uma ditadura sanguinária e seus assassinatos sumários. Os 30.000 desaparecimentos. As milhares de torturas na ESMA - a escola mecânica da armada. As centenas de pessoas jogadas de aviões no rio. As mães da "Plaza de Mayo" solitárias.
Tentando lavar a imagem.
Com o mundial de 78, a Junta Militar argentina tentava lavar sua imagem. Explorava o nacionalismo. Utilizava o futebol. Para que todos olhassem os jogos e não enxergassem o bigode do ditador Videla. Seguiram vivendo sob as mesmas regras: estado de sítio, restrições às liberdades, censura, temor, ritmo de desaparecimentos igual aos meses anteriores.....
Ainda faltavam 3.000 dias.
Depois da Copa, restariam 3.000 dias para a ditadura argentina chegar ao fim. Souberam manipular o futebol para aumentar o tempo de vida desse sanguinário regime. "Fomos utilizados", afirmou Cesar Menotti, o técnico da seleção. "Fomos reconhecidos", pensava Videla, por trás de seu bigode. Argentina 78, Qatar 22.