Credores são contrários à venda do Grupo Rede, dono da Enersul
A Enersul e o plano de recuperação do Grupo Rede, as brigas internas não deixam avançar
Pelo menos seis credores, entre eles o Banco do Brasil, entraram com recurso contra o plano de recuperação do Grupo Rede, proprietário da Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul). Em setembro, a assembleia de credores aprovou a venda do Rede ao Grupo Energisa. Os credores que estão se posicionando contrários à venda não concordam com as condições do negócio. Deságio de 75% e prazo de pagamento de 22 anos são as causas do litígio. O Bank of New York, que representa 500 detentores de bônus do Rede também posicionou-se contrário ao plano e vai brigar na justiça para fazer valer o que considera seu direito. Pedirá nova assembleia ou a falência do Grupo Rede.
Fábrica de alimentos Dallas está buscando mais dinheiro
A fabricante de alimentos Dallas, instalada em Mato Grosso do Sul, contratou o Banco Credit Suisse para vender uma participação para fundos de private equity. A Dallas produz biscoitos, massas e arroz empacotado. A empresa nega que esteja procurando novo sócio. Faz sentido, a economia brasileira vem crescendo mais no interior do que nas grandes cidades litorâneas. As principais indústrias regionais estão buscando dinheiro para expandir.
As multinacionais brasileiras e o sistema de confinamento bovino
Algumas empresas brasileiras entraram em um patamar de internacionalização que permite a elas não se abalarem com os humores da conjuntura econômica local. As vantagens são claras e grandes. Ano após ano, mas especialmente a partir de 2010, quando adquiriram um grau mais elevado de maturidade, o lucro dessas empresas no exterior veio se aproximando ao conquistado em nosso país. Hoje, há um empate entre a margem de lucro doméstica e a do exterior.
A China mantém, ao longo dos séculos, uma política de abre e fecha. Em algumas épocas comercializa com o mundo exterior e em outras se fecha totalmente, aliás, tenta se fechar. Em verdade, o comércio de “fronteiras fechadas” chinês quase sempre foi muito favorável à pirataria. Seu imenso mercado jamais permitiu o bom funcionamento dessa política.
O Brasil em momento algum de sua história montou uma política de transnacionalizar suas empresas. O movimento de avanço das empresas brasileiras sobre outros mercados é muito recente e com baixo grau de maturidade, com poucas exceções, claro.
JBS é a maior empresa em processamento de proteína animal do mundo
O salto foi conquistado há bem pouco tempo com a política de internacionalização que teve por base largos investimentos oriundos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Foram reais 8,1 bilhões emprestados para obter um resultado tido como razoável. Essa companhia está presente em todos os continentes com plataformas de produção e escritórios. São 140 unidades espalhadas pelo mundo empregando 120 mil funcionários. Tamanho de multinacional de grandes dimensões.
Os três países onde concentra os maiores investimentos são: o Brasil, com 87 unidades, 45 mil funcionários e dois confinamentos; os EUA, que também têm 87 unidades, 54 mil funcionários e 13 confinamentos. O terceiro maior investimento do JBS está na Austrália, onde nas 20 unidades, são mantidos 7 mil funcionários. Ainda em terras australianas, a empresa tem cinco confinamentos.
Marfrig, de porte médio, também tem presença significativa
O Marfrig pode ser considerada uma transnacional de porte médio. Com 77 unidades espalhadas em 15 países, empregando 46 mil funcionários. O maior investimento, com aporte de recursos do BNDES, continua sendo o realizado no Brasil com 28 unidades e três confinamentos. O banco investiu 3,8 bilhões de reais, mas essa empresa cresceu de forma desordenada e as ações caíram. Um dos quesitos que mais chama atenção é o número de confinamentos.
Qual a orientação de ter tantos confinamentos em outros países e tão poucos no nosso país? Talvez a facilidade em compras de gado provenientes do pastoreio no Brasil seja a chave desse negócio. Esse sistema, pastoreio, por ser artesanal traz em seu cerne a dificuldade de organização dos produtores para obter melhores resultados nas negociações. Talvez o preço do gado, diferenciado entre os países, nos dê a outra explicação.
O setor imobiliário está em recuperação no Brasil, quem garante é a FGV
O setor imobiliário dá indícios de que voltará a crescer em todo o país nos próximos meses, segundo a Sondagem da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Mostra que a confiança dos empresários do segmento está se recuperando. O índice de Expectativas passou do campo negativo (-0,6%) para o positivo (1%). O Índice da Situação Atual mostrou que a queda de 9,8% vista no trimestre findo em setembro diminuiu para 4,5% nos três meses até outubro.
Os empresários e a FGV não esperam que o setor imobiliário repita o forte desempenho de 2010, mas há perspectiva de crescimento a taxas mais comedidas. O grande déficit habitacional no Brasil garante espaço para o avanço do mercado imobiliário, mas o rápido e acentuado aumento nos preços deve limitar a expansão no setor.
Baixa qualidade da mão-de-obra afeta 61% das indústrias
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) fez um levantamento em todo o território nacional com 1,7 mil indústrias no país e apontou que a falta de trabalhadores qualificados é apontada como um problema para 68% empresas de grande porte. Aumento de 2% em relação ao levantamento de 2011. Na pequena indústria, a desqualificação da mão-de-obra afetava 68% em 2011 e caiu para 61% dos entrevistados.
Com base em dados do Ministério da Educação, a CNI, ressaltou que absurdos 90% dos alunos formados no ensino médio não aprendem o adequado em matemática. Para piorar o quadro, 70% têm problemas com o português.
Enquanto isso, na “singela e vetusta” Brasília, o Ministério do Trabalho vem perdendo espaço na gestão dos programas e verbas para qualificação profissional e essa função está ficando cada vez mais com o Ministério da Educação. Começou a ocorrer uma grande diferenciação nos dois ministérios em 2011. O da Educação gastou com profissionalização R$ 463 milhões enquanto o do Trabalho levou R$ 75 milhões. Levou? O correto é gastou.
A educação brasileira e os donos das fábricas
A fortuna do pré-sal possivelmente possibilitará ao Brasil tirar o atraso na educação básica. São números estratosféricos que nos dizem dessa possibilidade. Os próximos presidentes da República terão R$ 120 bilhões a mais do que tem hoje para a educação nos próximos dez anos e pelos cálculos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ao mesmo tempo terão de educar 5 milhões de estudantes a menos. Muito mais dinheiro e menos alunos.
Hoje, nosso ensino básico tem baixa produtividade e nossa economia também. Os estudos dão a dimensão de nossa baixa qualidade de ensino. O aluno médio brasileiro de 15 anos tem conhecimentos de ciências e matemática de um chinês de Xangai com 10 anos de idade. Vale ressalvar que os alunos dessa cidade estão abocanhando todos os prêmios internacionais de educação.
Brasil sempre fica na desvantagem na comparação de conhecimento
Se a comparação inicial, entre um brasileiro e um menino de Xangai, for rejeitada, as demais são difíceis de não obterem consenso. O estudante brasileiro de 15 anos tem o mesmo conhecimento de um coreano de 11 anos, de um canadense ou polonês ou norte-americano de 12 anos, de um turco de 13 anos e para ficar na América Latina, de um chileno ou mexicano de 14 anos.
Se a educação apenas como fonte inicial de conhecimento no Brasil tem nível inaceitável, o reflexo na produtividade está explicado.
Com mais estudo, o trabalhador se torna mais produtivo. O ganho se dá na razão mínima de um ano a mais de escolaridade possibilitar um aumento de 10% na produtividade.
Relatório do Fórum Econômico Mundial mostra que dá para piorar
Relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado no primeiro semestre, aponta o Brasil como um dos piores países nos ensinos de matemática e ciências. Entre 144 nações avaliadas, o país aparece na 132ª posição. Ficamos atrás da Venezuela, Colômbia, Cambodja e Etiópia. O nosso sistema educacional como um todo ficou no 116º lugar, atrás da Etiópia, Gana, Índia e Cazaquistão.
No Brasil, basta ouvir o rádio ou ler jornal para saber que a infraestrutura é precária, os salários baixos, as greves incessantes e partidarizadas, os alunos agridem e os gestores são omissos. Uma das consequências do ensino deficiente, segundo esse estudo, é a dificuldade do país para se adaptar ao mundo digital. Estamos conectados, mas no Facebook, no Twiter, na leitura de receitas de bolos e tantas outras quinquilharias.
Somente na América Latina, na questão de adaptação ao mundo digital, ficamos atrás do Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica. O país vem evoluindo nas últimas décadas. Mas ainda é muito desigual.
Com o ensino superior público é diferente
O ensino superior público funciona. A USP (Universidade de São Paulo) é a melhor instituição de ensino superior da América Latina. Somos o país da América Latina com maior número de universidades nesse ranking. A questão é que com ensino fundamental fraco a universidade pública só é realidade para poucos que não vieram do ensino fundamental público. Temos de entender de uma vez por todas que poucos não conseguem construir uma potência para muitos.