Da China ao Brasil em um triciclo para ver as Olimpíadas
Foram mais de 170 mil quilômetros pedalando em um triciclo. Uma façanha que o colocaria em qualquer pedestal das Olimpíadas. Chen Guanming é um chinês de 60 anos. Sua barba tradicional chinesa, bem como seu triciclo com caracteres do mandarim, o tornam inconfundível. Chen virou o turista mais famoso do Rio de Janeiro olímpico. Ele não tem intenção de parar. Seu "próximo" destino será Tóquio, onde ocorrerão os Jogos Olímpicos em 2020. Chen é um verdadeiro herói olímpico. A foto é do jornal El País.
A história vermelha das Olimpíadas
Os Jogos Olímpicos sempre tiveram uma face política. Se eles são a forma superior do desenvolvimento das competições esportivas porque produzem esse apelo político? A resposta clara é que as Olimpíadas são um grandioso espetáculo midiático e, sobretudo, um teatro de globalização, o único evento mundial que reúne as bandeiras nacionais em um desfile com ecos militares. E também muito vermelho. Vermelho do sangue que já escorreu devido a seus efeitos midiáticos globais.
Levavam AK-47 e granadas.
Eles levavam as famosas metralhadoras russas e granadas escondidas em bolsas esportivas. Haviam chegado à Vila Olímpica à noite, em torno das quatro da madrugada. Saltaram uma vala de dois metros, desprovida de arame farpado, sem seguranças. Foi fácil. Um grupo de esportistas norte-americanos os ajudaram.
Acreditaram, que como eles, regressavam de uma farra noturna. Logo, o grupo de falsos atletas chegou à rua Collonystrasse, edifício 31. Entraram à força, arrebentando a porta, e um dos atletas, acordado, tentou segurá-los. Mataram com um tiro no rosto. O barulho do disparo alertou os demais atletas, mas já era tarde. Alguns conseguiram fugir, outros caíram reféns. Um atleta, Joseph Romano, lutou com um terrorista tentando tomar-lhe a arma. Dispararam-lhe um tiro e o jogaram pela janela. Manietaram os demais atletas. Deixaram sangrando Moshe Weinberg, o primeiro esportista que levou um tiro no rosto. No total, ficaram com nove reféns da delegação de Israel.
O grupo terrorista, denominado Setembro Negro, eu lutava pela libertação da Palestina, divulgou suas reivindicações: queriam que mais de duzentos presos fossem libertados dos cárceres israelenses. A resposta de Tel Aviv foi de que não negociavam com terroristas. Incompreensivelmente, os jogos tardaram a ser suspensos. Continuaram tomando sol e jogando ping-pong na praça em frente ao prédio onde os israelenses estavam reféns dos terroristas. Após horas de angustiante espera, vencidos os prazos dados para a execução dos reféns, foi lhes concedido um avião para que fugissem. "A Day in September" é um documentário que narra essa história vermelha de sangue olímpico.
A matança de estudantes nas Olimpíadas mexicanas
No México, em resposta à repressão policial durante várias manifestações pacíficas de 1968, os estudantes aumentaram seus protestos e reivindicações à medida que se aproximavam as Olimpíadas. O governo respondeu com brutalidade, visando "garantir a segurança dos jogos Olímpicos". Além da invasão do campus universitário, patrocinou um grupo paramilitar, denominado "Batallon Olímpia", para espancar os estudantes.
Os militares entraram na praça de Tlatelolco, a chamada Praça das Três Culturas, e dispararam contra a multidão reunida para reivindicar. Centenas foram mortos (não há números oficiais). Milhares de estudantes foram presos, interrogados e torturados por semanas a fio. A imprensa não denunciou a matança de estudantes nessa época. Fingiram-se de surdos e mudos. De fato, a imagem marcante, verdadeiramente icônica, dessa Olimpíada, são os punhos cerrados dos desportistas negros norte-americanos, em favor do movimento denominado "Black Power".
A manipulação política dos Jogos Olímpicos ainda pode ser contada com os dois boicotes na época da Guerra Fria. Primeiro, aos Jogos de Moscou, quando dezenas de países, comandados pelos Estados Unidos, deixaram de comparecer e o "retruco", os países liderados por Moscou que deixaram de se fazer presentes nos Jogos de Los Angeles.