Darwin no carnaval da Bahia e o peixe que nada de costas
Em 1,831, Charles Darwin, até então apenas um estudante da Universidade de Cambridge, com 22 anos, foi convidado a participar de uma grande expedição. À bordo do HSM Beagle, Darwin passou cinco anos percorrendo vários continentes. A América do Sul foi o primeiro. Foi em solo brasileiro que ele se deparou pela primeira vez com uma vasta diversidade florestal e também se impressionou com a brutalidade da escravidão. Também se deparou com a intensidade das chuvas, com a bagunça de um país fazia carnaval e de um peixe que nadava de costas, talvez o melhor exemplo do que era o carnaval...o nonsense, a negação da normalidade.
Darwin de sandália de dedo no carnaval baiano.
Na Bahia, Darwin ficou 18 dias. Mas esse período foi o suficiente para marcá-lo. Escreveu: "Hoje é o primeiro dia de Carnaval, mas Wickham, Sullivam e eu não nos intimidamos e estávamos determinados a encarar seus perigos. Esses perigos consistem principalmente em sermos, impiedosamente, fuzilados com bolas de cera cheias de água e molhados com esguichos de lata", relata Darwin no livro "Charles Darwin Beagle Diary". A passagem tem cerca de dez paginas é muito mal humor. "Difícil manter nossa dignidade", resmungou.
O peixe que nada de costas.
Parece brincadeira de Carnaval, algo sem sentido algum, mas não é. Darwin narra no "Charles Darwin, viagem de um naturalista ao redor do mundo" seu encontro na Bahia com o "Diodon antennatus", o peixe que nada de costas. Depois de tentar uma explicação detalhada para esse fenômeno, conclui: O peixe, por consequência, flutua com as costas voltadas para baixo....... o animal pode se mover não só em linha reta como também se voltar de um lado para o outro. Este último movimento é efetuado exclusivamente pela ação das barbatanas peitorais, a cauda colapsada e inativa". É outro Carnaval. Uma festa dentro da água.