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Em Pauta

Dezembro anárquico e infrator, o mês das revoltas lendárias

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/12/2022 08:00
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Acampados em frente dos quartéis. Vandalismo em Brasília. Estradas bloqueadas. Juízes prendendo revoltosos. Caos em muitas famílias. O efeito libertador da desordem. Dezembro tornou-se o mês das transgressões. Parece ser um momento único, diferente dos demais dezembros de nossas vidas. Mas não é.


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As saturnais romanas.

Nas saturnais, os romanos transtornavam a ordem estabelecida com plena aprovação das autoridades. Entendiam que um pouco de transgressão era importante para que tudo continuasse igual. Durante as festas de dezembro, o único proibido era o castigo. Os escravos aproveitavam para dizer cruas verdades a seus amos e rir-se deles pelas costas. Elegiam, por sorteio, ao rei das saturnais, senhor da subversão. E tinham de cumprir todos seus caprichos. Podia mandar qualquer um dançar pelado ou dar um mergulho nas águas frias de um rio. Os amigos trocavam presentes que detonariam risadas. Levavam muito tempo planejando qual o melhor presente para enganar o presenteado. Na monarquia da desordem só respeitavam as piadas e gozações.


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Humilhar o governante na Mesopotâmia.

Essas celebrações anárquicas e revoltosas tem origem muito distante. Os antigos povos da Mesopotâmia, onde criaram as primeiras cidades, acreditavam que, no nascimento do mundo, Tiamat, à frente de uma horda, provocou o deus Marduk. Depois de uma desesperada batalha, Marduk, vencedor, criou o céu e a terra. Em memória dessa lenda, as festividades de dezembro, para os mesopotâmicos, consistia em reviver as forças do caos e humilhar o governante coroando um rei bufão em seu trono. Segundo a espiritualidade arcaica, para que emerja o novo, é preciso regressar ao tempo do caos primevo. A sobrevivência e a criatividade nascem da luta.

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