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Em Pauta

E nasce a superstição. Onde ela mora?

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/08/2022 06:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Evitamos sentar na fila 13 de um avião. Temos um tio que sempre leva uma pedra ou moeda da sorte no bolso. Acreditamos na pseudociência de alguns medicamentos e garrafadas de ervas. Pode parecer paradoxo e irracional que a superstição persista em nosso mundo moderno, mas o certo é que persiste e seu futuro pode estar garantido na mente humana. Elas não estão diminuindo, dizem seus estudiosos, e sim em alta. Nem sequer as pessoas com maior nível educacional são imunes a seu influxo. O conceito de superstição nos acompanha a milênios, mas desde seus alvores, teve uma conotação pejorativa. Tendemos a tê-las, mas também a nos envergonharmos delas.


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Magia, profecia e adivinhação na China. Onde vive?

Certamente é mais antiga, mas os primeiros escritos sobre superstições pertencem aos chineses da dinastia Shang - 1560 a 1050 a.C. - quando a adivinhação xamânica era assunto da família real que dizia estar em contato com os espíritos. As respostas deles, além do contato com familiares falecidos, eram gravadas em ossos de animais ou na carapaça de tartarugas que eram aquecidas até que se quebrassem. Mas o mais famoso de todos os métodos adivinhatórios era, e continua sendo, o descrito no "I Ching", manuseio de 50 palitos que o adivinho usa para determinar uma combinação denominada hexagrama. E foi com esse método que o famoso psiquiatra suíço estudou o local de moradia das superstições: ela vive em nosso subconsciente e não a descartamos "nem a pau".


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Os profissionais persas.

Nossa atual palavra "mago" deriva do persa antigo "magus". Na antiga Pérsia, atual Irã, os magos eram sábios profissionais endinheirados que se dedicavam a diversas formas de adivinhação. Interpretavam sonhos, como Freud tentou, criaram um horóscopo, a leitura do voo de aves e a nigromancia - invocação dos mortos.


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No Egito, magia, religião e governo eram unificados.

No antigo Egito, não havia separação entre governo, religião e magia. A maior parte dos magos também eram sacerdotes, não eram independentes. Muitos deles, inclusive, eram príncipes ou faraós. Caemuaset, filho de Ramses, foi o maior colecionador de objetos mágicos. Muitos amuletos. Abrindo a moda, eterna e mundial, dessa adoração por objetos que pretensamente mudam o futuro.


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Quebra pau na Grécia.

A Grécia estava cheia de oráculos e videntes. Mas também de seus opositores. O quebra pau talvez tenha início com Édipo contra o adivinho cego Tiresias. Tiresias revela que Édipo assassinou o antigo rei de Tebas. Como sempre na política, Édipo rechaça e ridiculariza Tiresias, chamando-o de charlatão motivado pelo dinheiro. Pitágoras, a quem se atribui o famoso teorema, acreditava que tinha uma série de dores sobrenaturais. Também acreditava que podia "bilocar", isto é, de aparecer em duas cidades distantes, no mesmo dia e na mesma hora. Platão, pelo contrário, os considerava mercadores de ilusões. E também foi na Grécia - e na vizinha Turquia - que os magos curandeiros (faziam inclusive cirurgias) começaram a perder terreno para os primeiros médicos. Hipócrates, em uma feroz invectiva, os chama de charlatães.

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