Futebol e política. Um estádio assombrado. Uma partida fantasma
O "estádio mais triste do mundo". O Nacional do Chile, recebe esse apelido há dezenas de anos. Centro de 400 assassinatos e 40.000 torturas. Um campo de concentração da ditadura de Pinochet. Mais de cem brasileiros entre os chilenos. Os alto-falantes que antes chamavam jogadores para entrar no campo, passaram a chamar os que seriam assassinados.
Chile contra União Soviética.
As eliminatórias do mundial de 1.974 sortearam o Chile contra a União Soviética. A ida, seria no estádio Lênin, em Moscou. A volta, no Nacional do Chile. Os soviéticos se negaram a disputar a segunda partida por razões políticas. Só uma equipe está no gramado. Os chilenos dão o chute inicial. Passam a bola de pé em pé. Estão sozinhos no gramado. Avançam, perante 17.418 torcedores. Ao chegar na área destinada aos soviéticos, "Chamaco Valdés", o capitão chileno, empurra a bola para dentro do gol vazio. Trinta segundos e a partida está encerrada.
Vitória moral dos sem moral.
O Chile está classificado. A União Soviética fica sem mundial. Mas obtiveram uma vitória moral que ecoa no mundo. Logo ela, uma ditadura que ceifou milhões de vidas. É a redenção. Os chilenos irão cabisbaixos para a Copa. Os soviéticos serão aplaudidos no mundo. Não validaram o regime sanguinário de Pinochet em um estádio repleto de gritos e horror.