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Em Pauta

Gen.Golbery e Che Guevara são os únicos atores da Divisão do Estado

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/10/2022 12:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Contar a história da Divisão do Estado implica um olhar de alcance mais largo, de buscar seus atores principais e suas motivações. Não é possível continuar falando em mesa ou caneta onde Geisel assinou essa decisão tão relevante. A primeira verdade é que as duas porções do estado cresceram separadas. Eram duas histórias. E um lado não conhecia o outro. Não havia guerra, mas o mal estar estava presente. A frase comum de nosso lado era: "Sabe-se que existe Mato Grosso pelo talão de impostos". Vale lembrar que Campo Grande foi conectada a São Paulo muito antes de ligar-se à Cuiabá. Assim, a separação era apenas uma questão de tempo, pois nunca houve casamento. E nem há.


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As primeiras sementes da divisão.

Foi na esteira da peleja entre coronéis - grandes proprietários de terras - que nasceram os anseios separatistas. Alguns afirmam que as ideias divisionista nasceram na luta contra o poder desmedido da Mate Laranjeira, um monopólio de mais de 5 milhões de hectares. Há os que citam as lutas entre João Mascarenhas - um dos mais destacados chefes políticos da Vacaria - ferrenho opositor do ideal divisionista, contra João Caetano Muzzi, conhecido por Jango, que lutava pela cisão.


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O "intermezzo".

Houve um período onde a "lei era o 44". Desta feita, o "experimentado caudilho" Bento Xavier quem pregava a secessão do estado. Mas ele foi batido pelas forças de um ferrenho anti-divisionista que foi o coronel Jejé, de Aquidauana. Esse ciclo das lutas armadas só foi se esgotar quando um novo grupo de políticos ascendeu. Vespasiano Barbosa Martins, medico das Vacarias, era a figura proeminente. Eduardo Olímpio Machado, Arlindo de Andrade e Demóstenes Martins, eram políticos em franca ascensão, considerados "radicais". E também havia Nicolau Fragelli, um jovem médico italiano. Uma elite pensante. Todos oriundos das principais faculdades de medicina e direito da época. Serão eles a levar adiante o sonho divisionista. É nesse ambiente que criam o Estado de Maracaju, no bojo da Revolução Constitucionalista paulista.


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O equivocado temor a Che Guevara.

Fato: nenhum político do Mato Grosso do Sul, e de lugar algum, participou dos estudos e da decisão de separar os estados. É importante repetir: nenhum. Nem mesmo Fragelli, então o mais destacado político da região. A decisão foi tomada, única e exclusivamente, pelo gaúcho General Golbery do Couto e Silva, tido como o mais inteligente e culto dentre todos os generais do período ditatorial. A história oficial é a de que Golbery embasou sua decisão nos estudos do Plano Nacional de Desenvolvimento, que ele mesmo criara. Facetas técnicas para explicar porque resolveu dividir o estado. Mas há uma versão saborosa. Golbery temia que o diminuto bando de Che Guevara, que estava na Bolívia, invadisse o Mato Grosso do Sul. Che Guevara, ainda que ídolo pop das esquerdas, não passava de um incompetente. Nunca venceu uma só batalha (e ainda foi defenestrado do governo de Fidel Castro). Era um receio originado da fama indevida e do desconhecimento de onde Che estava agitando.

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