Manual para tapear o eleitorado
"Você deve conhecer as pessoas de nome, usar de certa bajulação; deve constituir amizades de todos os tipos: nomes ilustres que conferem prestígio ao candidato e magistrados para garantir a proteção da lei". Esse é apenas um trecho do "Manual do Candidato às Eleições". Observem que foi escrito em 64 antes de Cristo, em Roma. O autor é Quinto Túlio Cícero.
Tornar público os podres dos adversários.
Quinto preparou esse pequeno manual para seu irmão Marco Túlio Cícero, ilustre orador e político que naquele ano se candidatava ao posto máximo da República Romana: o de Cônsul. Tinha dois conselhos considerados essenciais: falar a língua do povo e tornar público os podres dos adversários. Mas era mais amplo. Dizia que o candidato deveria fortalecer amizades já existentes e conquistar novas, cobrar favores prestados a quem pudesse ajudar na campanha e sorrir para todos.
Fazer promessas.
Quinto também dizia a seu irmão que ele deveria fazer promessas, mesmo sabendo que não cumpriria todas. Aconselhava Marco a sempre aparecer acompanhado por multidões durante a campanha. E, especialmente, que parecesse generoso. Marco Túlio venceu. Seus oponente eram fortíssimos. António e Catilina, todavia, tinham as mãos manchadas de sangue, tinham participado de assassinatos. Esses fato eram desconhecidos até a campanha. E ainda havia conselho para atacar a corrupção dos adversários. Dizia Quinto que todas as corrupções dos adversários deveriam vir à tona, mas nunca pela boca de Marco, que deveria contratar pessoas para fazer as denúncias. Alguém tem algo a acrescentar ao Manual do Quinto? Duvido. São mais de dois mil anos sendo praticado.