O controvertido plano de privatizar parques chega no MS
Cópia de capitais europeias, a privatização de parques públicos aterrizou em São Paulo há três anos. A prefeitura do Rio de Janeiro gostou da ideia e está copiando. Na esteira dessa moda, o Mato Grosso do Sul planeja concretizar a ideia no concorrido Parque das Nações Indígenas. O modelo é um pouco diferente, será de concessão. O estudo também propõe entregar à iniciativa privada outros quatro parques, dentre eles a Gruta do Lago Azul, em Bonito. Enquanto o Brasil privatiza, a Europa - onde o modelo foi construído - faz o caminho inverso, reestatiza seus parques. Paris e Barcelona estão retomando seus parques depois de muitas reclamações. Entendem que essa foi uma ideia frustrada.
As reclamações do Ibirapuera.
Cederam muito. O caso do Parque do Ibirapuera, na capital paulista, mostra a frouxidão, para dizer o mínimo, de uma prefeitura. Quando começou o debate da concessão do Ibirapuera deram à futura empresa gestora potencial construtivo. Permitiram que levantassem torres de apartamentos em outras zonas da cidade, tornando o benefício astronômico. A justiça bloqueou essa possibilidade. Hoje, a gestão privada do Ibirapuera busca fontes alternativas de lucro. Cobra por estacionamento, tenta faturar com o uso dos aparelhos de ginástica.... enfim, busca fontes inexistentes de renda.
Anhangabaú pelado.
A encrenca é ainda maior no Anhangabaú. No centro da capital paulista, criaram um parque pelado, sem árvores. A faraônica reforma, paga pelos cofres públicos, superou R$ 90 milhões. Será fechado para transeuntes quando acontecerem eventos promovidos pelos gestores. Enfim, empresas despreparadas para gestionar parques. Existe alguma que tenha um portfólio de gestão de parques no país? Aventureiros se arriscarão a assumir um risco tão elevado? Sabem como se relacionar com a população que é servida pelos parques?
Estacionamento e retirada de árvores no Jardim de Alá.
O Rio de Janeiro tem de cuidar de 67 parques municipais. É óbvio que a iniciativa privada se interesse pelos que estão localizados nos bairros de maior poder aquisitivo. Os demais, ninguém sabe responder quem cuidará. Imaginam exigir a concessão de um parque de bairro rico e obrigar a empresa a assumir os "patinhos feios" dos bairros pobres. O primeiro parque a ser entregue a alguma empresa é o Jardim de Alá. A empresa planeja retirar as árvores desse parque para construir um estacionamento que favoreça o centro comercial do bairro. Os moradores da região estão em pé de guerra com a prefeitura. A ideia da prefeitura é também privatizar o Aterro do Flamengo e a Quinta da Boa Vista. Cuidado, quem inventou essa moda se arrependeu. Teve de voltar, envergonhadamente, atrás.