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Em Pauta

O homem que não amava a democracia, mas a assegurou

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/12/2022 07:00
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Quem lembra do general João Batista Figueiredo? A resposta, a pedido, deveria ser: ninguém. Bruscamente, como era comum, Figueiredo pediu que o esquecessem. Temer, Dutra, Nereu Ramos. Estes são alguns presidentes que não possuíam carisma algum, mas nunca chegaram a ofender a população inteira do Brasil. Não é o caso de Figueiredo, o ultimo ditador militar.


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Não nasceu para a vida pública. "Tiro na cuca"

Figueiredo nasceu para ser uma figura reclusa nos quartéis, não nasceu para a vida em sociedade. Apontado pelo general Geisel como sucessor à presidência, ele era curto e grosso. "Eu dava um tiro na cuca", respondeu a um garoto que o questionou, em 1.979, sobre o que faria se seu pai ganhasse apenas um salário mínimo.


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"Prefiro cheiro do cavalo".

O plano original da ditadura era o de transformar Figueiredo em uma figura popular. As engrenagens do marketing ditatorial tentaram transformá-lo em "João do Povo", falava besteira, era agressivo, mas falava a verdade, era autêntico. Mas ele não colaborou. Praticante de hipismo, foi questionado sobre o "cheiro do povo". Sem dó, respondeu: "Prefiro o cheiro do cavalo ".


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Cheiro de preto não sai.

Racista até a medula, contou: "Eu cheguei e as baianas já vieram me abraçando. Ficou um cheiro insuportável, cheguei no hotel tomei 3, 5, 7 banhos e aquele cheiro de preto não saia". Além das baianas, também não suportava os gaúchos. Declarou que "durante muito tempo gaúcho foi gigolô de vaca".


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"Prendo e arrebento" quem for contra a democracia.

O apreço pelo povo era praticamente zero. Várias vezes, de forma ofensiva, culpava os mais pobres pelos problemas do país. "um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar", afirmou certa vez. Também chegou a dizer que para resolver os problemas da favelas só com bomba atômica. Mas, paradoxalmente, foi Figueiredo quem garantiu a volta à democracia. Bem ao seu estilo, quando questionado sobre a abertura, primeiro passo rumo à democracia, disse: "É para abrir mesmo. Quem quiser que não abra, eu prendo e arrebento". Não é possível esquecer essa figura tão marcante.

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