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Em Pauta

O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/02/2023 08:40
O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro
Poucas mulheres sabem, mas suas calças jeans favoritas foram desenhadas para encaixar no traseiro de Natasha Wagner. Essa desconhecida, magra, modelo de Los Angeles, uma universitária loira, surfista, teve sua bunda como ícone da década passada. Seus glúteos trabalharam para a Levi's, Gap, Old Navy e muitas outras fábricas de jeans. A imprensa a tratava como "as melhores nádegas do mercado". Seu trabalho era encarnar uma suposta norma. A bunda ideal, na qual o resto das mulheres deveriam encaixar.

O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro

O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro
O ano em que a bunda alcançou a liberdade.

O traseiro pequeno de Natasha Wagner esteve na moda até 2.014. Esse foi o "ano da bunda" no mundo da moda. Beyoncé e outras artistas reivindicaram o poder para as bundas grandes, criando uma onda em que os bundões ganhavam destaque e conquistavam as calças jeans. Declaram guerra na música às "Natasha Wagner da vida".


O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro
Bunda, a marca distintiva do racismo. À Vênus Hotentote.

Saartjie Baartman, conhecida como a "Vênus Hotentote", uma negra da África do Sul, da década de 1.770, foi capturada pelos sádicos holandeses para ser escravizada e explorada como um monstro de feira. O grande traseiro da mulher foi exibido primeiro na Cidade do Cabo, onde permitiam que lhe cutucassem para comprovar que era real. Com a fama e o dinheiro ganho, a levaram para Londres, com enorme sucesso de público e imprensa. Era o auge do racismo.

O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro


O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro
A moda do traseiro grande e o "apetite sexual".

Mas o racismo quebrou a cara com Baartman. Inicialmente, acusaram as mulheres hotentotes e seus grandes traseiros de "excessivo apetite sexual ". A moda, todavia, toma rumos impossíveis de serem programados e cerceados. Começaram a aparecer vestidos com enormes anáguas no traseiro para as mulheres brancas inglesas. "Bustle", como eram chamados esses vestidos, foram largamente usados pelas aristocratas.

O poder da bunda: do racismo a ícone brasileiro


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O "Levantamento Brasileiro de Glúteos " (BBL).

Devido à influência das irmãs Kardashian, a bunda grande voltou com força usando a cirurgia conhecida como "Levantamento Brasileiro de Glúteos ". Mas a moda da bunda grande desvaneceu pelas mesmas influências. As Kardashian fizeram nova cirurgia para voltar a um corpo adelgaçado.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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