O Schindler da Bolívia que salvou judeus do Holocausto
Mário Sérgio Lorenzetto | 04/02/2023 10:15
Agitando lenços brancos, centenas de membros da comunidade judia em La Paz receberam como se fossem heróis outros 146 judeus que haviam partido de Gênova, na Itália, e tinham aportado em Arica, no Chile. Ali os esperavam uma pequena comitiva de boas vindas e foram distribuídos em vários vagões de um trem que, em quase dois dias de uma sinuosa viagem, os transportou desde o deserto chileno até o árido mas belo altiplano boliviano, coberto de casas com teto de palha. Estavam esgotados. Esta é a descrição de uma das fugas promovidas por Maurício Hochschild, um dos três milionários da mineração boliviana.
Portas fechadas foram arrombadas.
O mundo tinha fechado as portas para os judeus que tentavam fugir da Europa. Os Estados Unidos deixavam os navios cheios de judeus atracar em seus portos, mas não os deixavam descer, entrar naquele país que se vangloriava de receber bem todo e qualquer imigrante. O Brasil ia além, chegou a deportar judeus de volta para a Alemanha. É nesse clima de ódio universal, que "Dom Maurício", como era chamado Mauricio Hochschild, se destaca. Inicialmente, descartou a fuga de judeus europeus para a Bolívia. O país estava sumido na extrema pobreza, acabara de perder uma guerra e carecia de toda possibilidade de assimilar até mesmo uma diminuta massa de fugitivos dos nazistas. A opção inicial foi levá-los à Argentina. Mas nos anos críticos de 1.938 e 1.940 o mundo fechou as portas aos judeus ainda mais. Dom Mauricio pôs seus esforços e dinheiro para promover a fuga para a Bolívia. Teve de "arrombar" portas em muitos países. As embaixadas e consulados bolivianos se tornaram um dos raríssimos lugares onde os judeus poderiam encontrar acolhida.
O mundo tinha fechado as portas para os judeus que tentavam fugir da Europa. Os Estados Unidos deixavam os navios cheios de judeus atracar em seus portos, mas não os deixavam descer, entrar naquele país que se vangloriava de receber bem todo e qualquer imigrante. O Brasil ia além, chegou a deportar judeus de volta para a Alemanha. É nesse clima de ódio universal, que "Dom Maurício", como era chamado Mauricio Hochschild, se destaca. Inicialmente, descartou a fuga de judeus europeus para a Bolívia. O país estava sumido na extrema pobreza, acabara de perder uma guerra e carecia de toda possibilidade de assimilar até mesmo uma diminuta massa de fugitivos dos nazistas. A opção inicial foi levá-los à Argentina. Mas nos anos críticos de 1.938 e 1.940 o mundo fechou as portas aos judeus ainda mais. Dom Mauricio pôs seus esforços e dinheiro para promover a fuga para a Bolívia. Teve de "arrombar" portas em muitos países. As embaixadas e consulados bolivianos se tornaram um dos raríssimos lugares onde os judeus poderiam encontrar acolhida.
Odiado na Bolívia, amado em Israel.
Dom Mauricio foi um empresário de origem alemã e judia. Um dos homens mais ricos de seu tempo. A sede de sua empresa ficava no Chile, mas a fonte da riqueza estava na Bolívia. Graças a ele, que moveu recursos e influência política, cerca de inacreditáveis 20.000 judeus saídos da Alemanha, Áustria, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria e Itália, chegaram à Bolívia. Mas nesse país, Dom Mauricio era conhecido como um déspota, quase um vilão por ser um dos três "barões do estanho". E foi dom Mauricio quem resolveu o problema da escassez desse minério para os Aliados. Como esse importante mineral estava nas mãos dos japoneses, que só os vendia aos nazistas, Dom Mauricio conseguiu colocar o estanho boliviano à disposição da Inglaterra. A história dessas façanhas acaba de ser publicada no "Escape a los Andes", de Raúl Peñaranda e Robert Brockmann, sem data para lançamento no Brasil. Em outras línguas, pode ser encontrado na Amazon.
Dom Mauricio foi um empresário de origem alemã e judia. Um dos homens mais ricos de seu tempo. A sede de sua empresa ficava no Chile, mas a fonte da riqueza estava na Bolívia. Graças a ele, que moveu recursos e influência política, cerca de inacreditáveis 20.000 judeus saídos da Alemanha, Áustria, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria e Itália, chegaram à Bolívia. Mas nesse país, Dom Mauricio era conhecido como um déspota, quase um vilão por ser um dos três "barões do estanho". E foi dom Mauricio quem resolveu o problema da escassez desse minério para os Aliados. Como esse importante mineral estava nas mãos dos japoneses, que só os vendia aos nazistas, Dom Mauricio conseguiu colocar o estanho boliviano à disposição da Inglaterra. A história dessas façanhas acaba de ser publicada no "Escape a los Andes", de Raúl Peñaranda e Robert Brockmann, sem data para lançamento no Brasil. Em outras línguas, pode ser encontrado na Amazon.