"Os filhos de Hansen" e a marginalização social da lepra
A lepra, com seus nódulos, pústulas e deformidades, vem se alimentando de lendas e filmes como "O gladiador", "Papillon" e "Ben-hur". Se trata de uma infecção complexa provocada pelo "Mycobacterium leprae", um bacilo em forma de bastão. O contágio ocorre através das gotas de saliva que pairam no ar. E pode levar muito tempo para manifestar-se. O período de incubação pode ser de três a cinco anos, tornando quase impossível precisar o local onde o contágio ocorreu.
As leis obrigavam à exclusão social.
Até pouco tempo não havia volta atrás. A vítima da lepra se convertia em um ser marginal, apartado pelo medo de um contágio que ultrapassava as fronteiras da enfermidade fisiológica, desencadeando a enfermidade social. As leis, inclusive, obrigavam à exclusão social. Desta maneira, o estigma da lepra obrigava ao convívio quase único com pessoas atacadas pelo mesmo mal. Era como um cárcere criado por uma bactéria.
Cruz amarela costurada no peito.
Era um passaporte para o inferno. Tiveram que passar anos para que uma combinação de antibióticos lograr e se erradicar a enfermidade. Desde tempos remotos os leprosos caminhavam com grandes cruzes amarelas costuradas no peito, um asqueroso costume que o nazismo, e outros regimes totalitários, adotaram para apartar e marginalizar uma pessoas das outras.
Aqueles que temem o conhecimento.
Essa é a história de gente desprezada por aquela outra gente que tem medo do conhecimento e que, em sua ignorância, projeta a discriminação como atributo político. Convém recordar a figura do venezuelano Jacinto Convit, o doutor que conseguiu isolar esse bacilo e lutou pelo fechamento dos leprosários.