Os primeiros cristãos evitavam a ostentação e debatiam o sexo
No primeiro século, o cristianismo se restringia a uma reduzida minoria, majoritariamente urbana, ainda que sua origem tenha sido de trabalhadores rurais e pescadores. A essa situação inicial tão desfavorável seguiu-se uma pequena expansão nos séculos II e III. Viviam sob o signo da endogamia - casavam entre parentes - uma solidariedade incondicional, hospitalidade sem restrições é uma moral muito rigorosa. A maioria era de operários, artesãos e pequenos comerciantes.
Só os cristãos quebraram as barreiras sociais.
Não importa onde e nem qual religião, o fato é que de Roma até Israel, as barreiras sociais eram intransponíveis - rico jamais se casava com pobre. Essa é uma das mais importantes transformações promovidas pelos primeiros cristãos. Uma ou outra dama da alta sociedade, com dificuldade de encontrar um homem à altura de sua própria classe social, desposava um escravo cristão. Entre eles, não era considerado uma união desigual.
Uma religião de mulheres.
Esqueçam os apóstolos. Esqueçam os líderes cristãos. O cristianismo dos primórdios era uma religião de imensa maioria feminina. Com elas, essas comunidades passaram a receber um grande número de crianças. Os homens eram minoritários, mas conduziam a barca da Igreja. Aliás, a questão do sexo estava presente o tempo todo na vida dos devotos.
Rachas e castração.
Em meados do século II, Marcião, um dos mais proeminentes líderes do cristianismo, rompeu com as demais comunidades e fundou uma igreja dissidente. Aos fiéis que aderiram à sua doutrina foi proibido o casamento e as relações sexuais. Pouco tempo depois, Montan, outro líder importante, abriu outra dissidência. Professavam o mesmo horror pelas relações sexuais e pelo casamento. Alguns extremistas, sem deixar a igreja majoritária, assumiram uma posição ainda mais radical: o famoso teólogo Origenes castrou-se na juventude, acreditava que estava obedecendo a palavra de Jesus.
Não se distinguiam facilmente dos outros.
Vistos nas ruas, os primeiros cristãos não se distinguiam das outras pessoas nem pelas roupas, nem por um comportamento extraordinário. Frequentavam os banhos públicos nas cidades do Império Romano, apesar da nudez exigida de todos os clientes. Consideravam, entretanto, alguns comportamentos como imorais. Não participavam de um culto pagão mesmo que fosse obrigatório, como o culto ao imperador. Os jogos de azar, como o de dados, causavam-lhes verdadeiro horror. Tampouco assistiam às representações teatrais e às apresentações circenses pois suspeitavam que fossem algum culto.
Não admitiam qualquer forma de violência.
Condenavam qualquer forma de violência. Todas, sem exceção. O adultério era considerado pecado grave. As segundas núpcias de viúvos e viúvas eram desaconselhadas. Não admitiam qualquer ostentação. O vestir e o pentear-se das mulheres excluíam os enfeites. Eram de uma lealdade absoluta. E extremamente honestos nos negócios. Ameaçados com frequência, demonstravam grande coragem.