Thomas Merda, o homem que inventou o vaso sanitário
Por volta de 1860, surgiu uma novidade na Londres industrializada e abarrotada de "slums", uma palavra nova para descrever favelas, que acabou sendo, inesperadamente, um desastre: a privada com descarga com água. A privada com uma espécie de descarga já existia. A primeira foi construída por John Harington, um afilhado da Rainha Elizabeth, em 1597. Harington demonstrou à rainha sua invenção, ela expressou grande satisfação e logo mandou instalar no palácio. Era uma novidade muito à frente de seu tempo. Nenhuma casa adotou a privada.
Banheiros com privada e mais lotados de excrementos.
Mas o tiro que saiu pela culatra, a descarga com água, seria inventada por Joseph Bramah, duzentos anos depois da privada da rainha. As poucas casas que instalaram a privada com descarga com água ficavam cheios com uma quantidade ainda maior de tudo aquilo que o proprietário, horrorizado, queria jogar fora.
As privadas com tubo em U e com reservatório de água.
Até o advento dos tubos em U e do coletor de água - aquele pequeno reservatório de água, atrás ou acima da privada - os cheiros que subiam, em especial nos dias quentes, eram insuportáveis. Esse problema só foi resolvido por um grande nome da história, hoje esquecido: Thomas Crapper (Thomas Merda).
Thomas Merda chega em Londres.
Nascido em uma família pobre de Yorkshire, Thomas Merda foi a pé a Londres aos 11 anos de idade. Lá ele se torna aprendiz de encanador no bairro do Chelsea. Thomas Merda inventou o vaso sanitário que até hoje adotamos. Denominou seu invento de "Marlboro Silent Walter Wassen Preventer" (aparelho silencioso Marlboro para evitar o desperdício de água). Era limpo, à prova de vazamentos, sem odores e maravilhosamente confiável. Thomas Crapper ficou tão rico que muitos estudiosos acreditam que a palavra "crapper", para designar "merda", surgiu por sua causa.
800 mil pessoas em fila para ver a privada de Thomas Merda.
A euforia tomou conta de todos que visitavam a Grande Exposição de Londres, ocorrida em 1850. Mais de 800 mil pessoas esperaram com paciência em longas filas para experimentar a novidade. Ficaram tão encantadas com o ruído e o redemoinho da água no vaso que apressaram a instalação do vaso sanitário em suas casas. Nenhum outro objeto, além das meias de nylon depois da Segunda Guerra Mundial, se popularizou com tamanha rapidez, em toda a história humana. Em pouquíssimo tempo, 200 mil privadas já estavam em uso em Londres. Para essa cidade, o vaso sanitário, foi a segunda revolução industrial.