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Finanças & Investimentos

Cooperativas de Crédito X Bancos S.A

Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 23/08/2013 08:12

Quando o assunto é dinheiro a primeira instituição que logo vem à cabeça para muitos dos leitores talvez seja um banco. Saque no caixa eletrônico, cartão de débito ou crédito de sua conta corrente, enfim. No Brasil ainda são poucos aqueles que têm algum envolvimento com Cooperativas de Crédito, afinal, no país essas instituições representam apenas 3 % de todo o mercado financeiro. Não obstante, muitos brasileiros principalmente da região sul e sudeste já perceberam as inúmeras vantagens que essas organizações oferecem.

Em um mundo que clama por organizações horizontalizadas, participação, empoderamento, e democracia, essas instituições surgem como opção de destaque. Afinal, os consumidores estão cada vez mais conscientes em relação aos produtos e serviços que adquirem. Restaurantes, cinemas, e etc., frequentemente são alvos de nossas críticas e sugestões, então porque em um banco deve ser diferente? Talvez o maior trunfo do sistema seja sua relação direta com a “Sustentabilidade” tão falada em nossos dias.

Mas porque cooperativas podem ser mais sustentáveis? O que são cooperativas? Qual a diferença para um Banco S.A. convencional? Vamos analisar alguns prós e contras, enquanto damos uma visão geral sobre seu funcionamento. Fique a vontade para concordar, discordar e emitir sua opinião. A intenção não é apresentar uma organização como melhor ou pior que outra, mas sim, a de apresentar características que permitam aos leitores conhecer mais sobre o funcionamento e as principais diferenças entre Bancos e Cooperativas de Crédito, e assim identificar a instituição que mais se adéqua ao seu perfil e necessidades.

Cooperativas de Crédito são associações de pessoas, que buscam através da ajuda mútua, uma melhor administração de seus recursos financeiros, sem fins lucrativos. O objetivo da cooperativa de crédito é prestar assistência de crédito, e a prestação de serviços de natureza bancária, a seus associados com condições mais favoráveis. No Brasil as cooperativas de crédito são equiparadas às instituições financeiras (Lei nº 4.595) e seu funcionamento deve ser autorizado e regulado pelo Banco Central do Brasil. O Cooperativismo possui também legislação própria, a Lei 5.764/71 e a Lei Complementar 130/2009.

As mais de 1.400 cooperativas existentes aqui administram ativos em torno de US$ 16 bilhões, oriundos de mais de seis milhões de associados. Se formassem um banco, o conjunto das cooperativas corresponderia ao oitavo maior conglomerado financeiro do país em ativos totais. Os dados de 2012 mostram que até setembro, o cooperativismo cresceu num ritmo mais forte que o conjunto do SFN (Sistema Financeiro Nacional), tanto em ativos totais quanto em saldo de operações de crédito, com um estoque de empréstimos e financiamento que cresceu mais de 600% nos últimos dez anos.

Vejamos algumas diferenças:

Bancos - Você é mais um cliente e não possui nenhum tipo de participação na condução do negócio, e geralmente só é informado das mudanças depois que elas acontecem. As decisões na prática partem dos acionistas majoritários (famílias, grupos, fundos etc.). Os lucros são distribuídos aos acionistas e não aos clientes.
Cooperativas - Você tem voz nas assembleias que decidem o rumo dos negócios. Um associado um voto. Reuniões acontecem religiosamente para apresentação dos resultados aos associados.
Bancos - Você não sabe em que região o seu dinheiro é investido, enquanto em uma cooperativa seus recursos são reinvestidos no lugar onde vivem os associados, fortalecendo a economia da região.
Cooperativas - As sobras ou os resultados positivos que as cooperativas apresentam são distribuídos aos associados proporcionalmente a sua movimentação.

Obviamente “nem tudo são flores” no cooperativismo de crédito. Principalmente no Brasil onde as organizações deste tipo estão em pleno crescimento, alguns produtos e serviços oferecidos pelos Bancos S.A. ainda não estão disponíveis (ainda que por pouco tempo) aos associados de cooperativas. Também devido a sua estruturação recente, no geral as cooperativas de crédito são mais vulneráveis ao chamado “risco operacional”, que envolve falhas ou prejuízos advindos de problemas com software, processos, etc. Nestes requisitos os Bancos S.A. possuem maior expertise pelo conhecimento e experiência acumuladas ao longo dos anos.

É importante frisar que muitas cooperativas começaram em setores ou públicos específicos (como produtores agrícolas, funcionários públicos, médicos etc.), mas muitas agora já alcançaram uma segunda fase de crescimento e se tornaram de livre admissão (ou seja, associação aberta a toda comunidade). Para encerrar gostaria de deixar um panorama de alguns exemplos muito interessantes sobre o cooperativismo de crédito no mundo, para aqueles que por falta de conhecimento ainda tem um “pé atrás” com estas organizações. Em muitos países do mundo as Cooperativas de Crédito são uma das principais instituições financeiras a serviço das comunidades.

Na França vemos a maior expressão do cooperativismo crédito do mundo. Neste país 60% dos recursos financeiros são movimentados pelos 4 sistemas de crédito existentes. O francês Credit Agricole, maior banco cooperativo do mundo atualmente figura como 5º colocado na lista dos 50 maiores bancos do mundo quando levado em conta o volume de Ativos administrados.

Na Alemanha o cooperativismo de crédito administrava em 2006 US$ 1,38 trilhão em Ativos representado principalmente pelo DZ Bank (Deutsche Zentral -Genossenschaftsbank) que possui 16 milhões de associados. Na Alemanha aproximadamente 20% dos ativos bancários são administrados pelos bancos cooperativos.

E você leitor, concorda? Qual a sua visão sobre estas instituições? Não deixe de comentar, pois assim você estará enriquecendo a discussão sobre o tema. Até a próxima.

Disclaimer – A informação contida nestes artigos, ou em qualquer outra publicação relacionada com o nome do autor, não constitui orientação direta ou indicação de produtos de investimentos. Antes de começar a operar no SFN - Sistema Financeiro Nacional o leitor deverá aprofundar seus conhecimentos, buscando auxílio de profissionais habilitados para análise de seu perfil específico. Portanto, fica o autor isento de qualquer responsabilidade pelos atos cometidos de terceiros e suas consequências.

(*) Emanuel Gutierrez Steffen – Criador do portal www.manualinvest.com

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