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Manoel Afonso

Amplavisão

Manoel Afonso | 30/03/2012 10:00

DEMÓSTENES Santo Deus, logo ele! O paladino da moralidade, integrante do MP de Goiás, referência no zelo com a administração pública, virou zumbi após a descoberta das suas ligações com o marginal Carlinhos Cachoeira.

IMAGINO as pessoas com as quais ele conviveu nas cidades onde serviu em Goiás como promotor de justiça. Numa delas, certa feita, ouvi referências maiúsculas sobre sua atuação rigorosa e justa nos processos onde atuava.

HOJE fico matutando: se era tão probo e correto, terá sido a vaidade, aliada a cobiça pelo poder, que o levou a trocar os valores de conduta? Se era exceção, uma excelência, não pode reclamar do tratamento desigual da grande imprensa.

TENTAR justificar o injustificável é vergonhoso. Agora sua defesa quer buscar nas entrelinhas e interpretações dúbias da justiça uma saída jurídica para o caso. Poderá até conseguir, mas politicamente o senador está liquidado.

REFLEXO Esse episódio acaba respingando na classe política e cria um clima de ceticismo neste período pré-eleitoral. A imaginação popular, sábia e maldosa, acaba jogando todos os políticos na vala comum do descrédito.

E MAIS... Isso vem criando na juventude, através das redes sociais da internet, uma campanha de descrédito pelas causas políticas. Os jovens ocupam esse espaço com futilidades e assuntos nocivos do ponto de vista cultural/social.

A CIDADANIA passa pela política como verdadeiro sentido do bem comum, e não como luta por cargos, poder e dinheiro. É essa pressão que a juventude deveria fazer nos dirigentes partidários, focados apenas no próprio umbigo.

MEMÓRIA Quem não se lembra daquela visita desastrosa de Pedrossian ao Fahd Jamil preso acusado de contrabando? O fato foi muito explorado na época e o ex-governador pagou caro pelo gesto impensado de solidariedade.

GRAVE Julinho Campos também se queimou no episódio envolvendo a morte de um geólogo e outro cidadão em 2004 por demanda de terras. O processo corre no STF; pois o deputado (acusado de mandante) tem foro privilegiado.

A PROPÓSITO O foro privilegiado tem provocado críticas por exceder na proteção aos beneficiados. A política influencia na tramitação dos processos, que geralmente acabam em pizza através do benefício da prescrição.

ENFIM... Juntando as regalias e anomalias da classe política, do Senado às Câmaras Municipais, a tendência é a universalização do pensamento crítico. Umas das consequências desastrosas é a venda pura e simples do voto.

O ELEITOR decepcionado/sem consciência política, normalmente não esconde o que pensa fazer: se abster de votar ou levar alguma vantagem financeira. O mais grave: sempre haverá algum candidato disposto a ‘conversar’.

SINAIS... A situação do PT não é boa em várias capitais. Nem todos os seus candidatos conseguem colher os dividendos do sucesso do Governo Dilma. A pessoalidade é mais importante que a questão partidária, aos olhos do eleitor.

A INTENÇÃO é do PT é tentar estabelecer o vínculo de seus candidatos ao Planalto, mostrando a possibilidade de se estender às grandes cidades, principalmente, a ‘magia’ do desempenho petista na arte de administrar bem.

PORÉM... eleição majoritária implica sim na qualidade dos candidatos. O eleitor está próximo deles: a comparação da capacidade/currículos é inevitável. O tempo de se usar o PT como referência dos candidatos é passado, não volta.

AS CONSEQUÊNCIAS são visíveis também aqui na capital, onde o PT vai perdendo aliados e proporcionando o surgimento de candidaturas alternativas. A esperança declarada (e desgastante) é torcer pelo 2º turno e costurar alianças.

‘A QUESTÃO’ Se Dagoberto já se comprometeu com André em 2014, ficará contra o candidato do governador/ Nelsinho em 2012? Bem ao seu estilo, Dagoberto protela o anúncio oficial, mas nos bastidores fala-se: ‘tudo dominado’.

AZAMBUJA: conquistará o DEM? Mandetta/ Saraiva tem mais força que Zé Teixeira na sucessão da capital? A ‘aliança’ Antonio João/Bernal/Lauro Davi prospera? O que têm em comum? O que realmente motiva essa união repentina?

NOVA FASE? A dolorosa experiência com o câncer amacia as pessoas, proporciona uma revisão completa de valores e de conduta. Vencida essa fase da batalha, espera-se um Lula mas humilde, diferente da postura de Chaves, por exemplo.

PERDAS Chico Anísio e Millôr. Figuras importantes no contexto cultural/político. Eles têm algo em comum: privilegiados, chegaram aos 80 anos na ativa, dando duro. Mas infelizmente esse aspecto foi pouco valorizado no noticiário.

EXCEÇÕES merecem respeito, por questões de saúde. Mas muita gente saudável por aí, prefere a aposentadoria sem se dar conta da importância da vida ativa. Aliás, Lula ironizou com razão esse pessoal ‘acomodado no sofá’.

COISA FEIA... A opinião pública horrorizada com a ‘novela’ que envolve advogados da capital. O que deveria ser discutido no Conselho de Ética da OAB-MS foi transferido para a mídia, esquinas e cafés. Quem nos salvará? O Chapolim Colorado?

“Quem mata o tempo não é assassino. É suicida.” (Millôr)

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