Abandonada em clínica, mulher com deficiência é largada em UPA
Paciente teve alta, mas não tem para onde ir; irmão busca vaga em unidade de acolhimento
Abandonada numa clínica geriátrica pela cuidadora que "sumiu", mulher de 47 anos, deficiente física e intelectual há 22 anos, tem destino incerto. A casa de repouso também a deixou, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, sob a alegação que a paciente havia passado mal e agora, o irmão dela, Paulo Henrique Nogueira, 44, luta para encontrar a ex-mulher, que tinha a guarda da irmã e recebe, em nome dela, o benefício de um salário mínimo previsto na Loas (Lei Orgânica da Assistência Social). Está em busca ainda de uma vaga em unidade de acolhimento na Capital.
“Deixaram ela aqui no sábado [dia 25]. Foi uma maneira que encontraram de descartar ela, porque não estavam recebendo”, explicou o mecânico, que agora teme perder o emprego se tiver de faltar ao trabalho por mais um dia para resolver o imbróglio. “Estou aqui agora aqui, vim trazer janta. Mas amanhã ela não vai comer [as UPAs não oferecem alimentação a pacientes]. Eu não posso faltar, já estou com duas advertências, se eu ganhar a terceira, eu sou mandado embora. Aí piora tudo”, afirma.
Nestes dois dias, Paulo Henrique fez peregrinação pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Defensoria Pública, INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e acionou até a Polícia Civil em busca de uma solução. Ele gostaria que a irmã fosse levada para uma unidade de acolhimento, pelo menos enquanto não consegue ter acesso ao benefício para mantê-la.
Segundo ele, a ex-mulher, de 49 anos, fez empréstimos no nome da irmã e “sumiu” com o cartão do Loas. Como ela é a responsável legal pela irmã de Paulo Henrique, ele também não conseguiu fazer no INSS a transferência de titularidade, se colocando como responsável pelo benefício.
O MP prometeu investigação e a Defensoria deve auxiliá-lo na Justiça. “Só que a espera é demais para arrumar um lugar para colocar ela, enquanto isso ela fica no posto de saúde, de alta, e a gente sem condições de trazer ela para casa. Não tem uma cama, não tem nada para a menina aqui, não tem nem roupa. A mulher deixou ela na clínica sem a roupa”.
O irmão conta que não consegue contato com a ex. Ela se mudou da Capital pelo que ele soube por terceiros, não usa mais o mesmo telefone e o bloqueou nas redes sociais.
A Clínica Geriátrica São Rafael também havia registrado boletim de ocorrência contra a mulher informando que no dia 7 de setembro a paciente foi deixada na casa e nunca mais recebeu medicamentos, fraldas e visitas, por exemplo. Informou ainda que não conseguia contato com a responsável legal, que já não pagava as mensalidades há dois meses.
Paulo Henrique narra ainda que foi casado por 13 anos e que há cerca de 10 anos, a mãe dele decidiu passar a guarda da irmã para a então esposa. A mãe morreu, ele se separou, mas a ex continuou a cuidar a mulher com deficiência até “estourar a aposentaria dela com empréstimos”.
Ele alega ainda não ter com quem deixar a irmã, já que trabalha o dia todo. O nome da ex-cuidadora não foi divulgado porque a reportagem não conseguiu contato com ela.
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