PM se irrita com atendimento e algema enfermeiro em posto
Policial deu voz de prisão após profissional de saúde perguntar o nome da vítima
Enfermeiro da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon, em Campo Grande, acabou algemado por policial militar durante atendimento de uma paciente por ter perguntando o nome dela durante procedimento de triagem.
O caso ocorreu no domingo, mas o vídeo que mostra a confusão na unidade de saúde ganhou repercussão somente nesta terça-feira.
As imagens mostram o enfermeiro já algemado e dentro da viatura da PM. Testemunhas relatam que o policial militar havia socorrido uma vítima de violência doméstica e a levado diretamente para a área vermelha da UPA.
Durante o atendimento, o enfermeiro perguntou o nome da vítima, o que teria irritado o PM, cobrando pelo atendimento e que a identificação naquele momento não era importante. O funcionário respondeu que fazia parte do procedimento e acabou recebendo voz de prisão, retardando ainda mais o atendimento a vítima.
O advogado Márcio Almeida, que representa o Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem de Campo Grande, afirmou que “houve excesso e que nenhum momento o9 enfermeiro negou a prestar atendimento”.
O enfermeiro foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol, mas o delegado de plantão entendeu que não houve nenhum tipo de conduta criminosa e o enfermeiro foi liberado.
O Campo Grande News entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que em nota informou que "o servidor em questão realizava suas atividades de rotina no atendimento, triagem e identificação à paciente, uma vez que por se tratar de violência doméstica é necessário realizar a notificação compulsória do caso presente na unidade. Ressaltamos que todo o atendimento necessário à paciente foi prestado mesmo após o ocorrido entre o servidor da Sesau e o policial militar em questão, e que a paciente evadiu-se da unidade após o acontecido".
A nota da Sesau diz ainda que "a secretaria lamenta o ocorrido e reforça que acompanha o caso de perto, sendo prestado o suporte necessário ao servidor, que após o fato não possuía condições psicológicas de retornar ao plantão. A Sesau reforça também que tamanha truculência durante a realização das atividades básicas do enfermeiro, impedindo o atendimento e garantia à vida do paciente afetou, não somente o atendimento da paciente encaminhada à unidade por aquela equipe, como também o do restante da população que aguardava pelo serviço de saúde na unidade naquele momento".
Já o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem) informou que iniciou uma investigação e seguirá tomando as providências que competem ao conselho.
Em nota, a Polícia Militar informou que "não procede a informação sobre o motivo da condução do funcionário do posto de saúde. O mesmo fora conduzido a delegacia em virtude de ter omitido socorro à vítima que havia sido conduzida pela guarnição da PM à unidade de saúde em decorrência de um grave ferimento. De acordo com o relatório policial, o funcionário teria deixado a vítima em pé, sangrando e sendo apoiada pelo policial militar, tendo abandonado o setor de emergência. Em razão de tal comportamento, o funcionário foi conduzido até a Delegacia de Polícia para prestar esclarecimentos acerca de seu comportamento, tendo sido conduzido dentro da viatura junto com os policiais militares".
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