Aumento da gasolina já chegou na bomba e motorista diz que "come ou abastece"
Governo anunciou 5º reajuste da gasolina do ano na última segunda-feira (1º), impacto já foi sentido no bolso
A vontade é de chorar quando o placar anuncia a gasolina em "promoção" sendo vendida a R$ 5,59. No posto de combustível da Avenida Marechal Deodoro, saída para Sidrolândia, é este o valor do litro da gasolina para quem paga à vista depois do último aumento anunciado na segunda-feira (1º). Já quem for pagar no cartão de crédito, o preço sobe para R$ 5,74.
Chefe de pista no posto, José Cleber Trindade, de 41 anos, explica antes a gasolina estava a R$ 5,39 e que o preço deve se manter R$ 0,20 a mais se não houver novo reajuste na refinaria.
Na tentativa dos motoristas de ver render mais o valor abastecido, o etanol vem ganhando preferência, e por consequência, também sofreu reajuste. "Foi por conta da grande procura, o etanol estava antes R$ 3,89 e subiu também para R$ 4,19", diz.
Apesar de informar aos motoristas que não está compensando abastecer no álcool, José Cleber tem visto o pessoal escolher mesmo pelo etanol. Para saber se compensa ou não, o etanol precisa custar até 70% do preço da gasolina. "Hoje a diferença entre um e outro dá 74. Para ser benéfico tem que ser menor do que 70%", explica o chefe.
Comerciante, Odácio Borges, de 53 anos, trabalha de moto na entrega de galões de água. "Está cada vez mais difícil abastecer. Todo dia tem um preço novo. Antes eu conseguia abastecer R$ 20,00 e rodar o dia todo. Agora preciso abastecer duas vezes", conta.
Advogado, Genivaldo Gomes da Silva, de 65 anos, também não sabe mais o que fazer depois de três aumentos seguidos. "Antes falavam que a culpa era do PT, agora a gente já sabe de quem é. As pessoas têm que escolher: comer ou abastecer e ninguém toma uma providência".
No caso dele, o carro tem ficado só na garagem, hoje a saída foi exceção, e para ir ao médico.
Mais adiante, o Campo Grande News encontrou um posto no Bairro Jardim Leblon onde a gasolina também é comercializada a R$ 5,59. Até terça-feira, o valor era R$ 5,39. Segundo informou o gerente, o posto chegou a trabalhar dois dias com o preço antigo até acabar o estoque e depois teve de reajustar. O etanol também subiu, de R$ 3,95 para R$ 4,08.
No Bairro Taveirópolis, até terça-feira (2), o valor era R$ 5,29 e com o reajuste, o valor da bomba ficou em R$ 5,39, bem próximo a este preço, um posto na Avenida Júlio de Castilhos vendia a gasolina a R$ 5,29 até o reajuste anunciado pelo Governo Federal, agora subiu para R$ 5,35, o menor encontrado pela equipe de reportagem.
Atendente, Rita de Cássia dos Santos, desabafa que o maior problema tem sido ouvir as reclamações dos motoristas como se ela fosse a responsável pelo preço. "A gente não tem culpa, o posto só repassa o preço e o pessoal reclama para nós. Inclusive diminuiu bem o fluxo de pessoas abastecendo", compartilha.
Fiscalização - O Procon diz que está de olho no aumento repassado aos consumidores. Nesta manhã nenhum posto havia sido notificado. Ontem (3), o Procon autuou um posto de combustível por aumentar o preço da gasolina três vezes no mesmo dia.
A alegação do Procon foi que o local fez ajuste nos valores mesmo tendo gasolina armazenada antes da elevação dos preços. Caso o consumidor perceba irregularidades, deve entrar em contato com o Procon pelo número 151.