"Construção civil cresce em MS, mas a inflação está pesando", afirma entidade
Instituto divulgou hoje a Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil referente ao ano de 2020
O mais recente levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que Mato Grosso do Sul encerrou 2020 com 939 empresas ativas no setor da construção civil, crescimento de 19,3% em relação a 2019. O número faz parte da Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil referente ao ano de 2020. Para a Acomasul (Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul), de lá para cá, crescimento se manteve, mas inflação pesou “no bolso” do setor.
Em termos nacionais, o Brasil fechou 2020 com 58.162 empresas, o que representa crescimento de 4,7% em relação a 2019, quando existiam 55.565. Já em MS, em 2019 eram 787 empresas. Ainda segundo o levantamento, entre os estados da região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul é o que tem o menor número de empresas do setor: Goiás tem 2.151, Mato Grosso 1.395 e o Distrito Federal tem 956.
Empregos - MS também teve crescimento em relação ao número de pessoas ocupadas. Em 2020 eram 21.379 trabalhando no setor, número 10,6% maior na comparação com 2019, que registrou 19.323 ocupados.
Salário - Na avaliação da série entre 2007 e 2020, o Estado registrou aumento no quesito salário, retiradas e outras remunerações. Na comparação com 2019, a participação dos salários cresceu 3,6% em 2020, apresentando o resultado de R$ 640,5 milhões. Com isso, MS ficou na 16ª posição no ranking entre as unidades da federação.
O valor das incorporações também cresceu: 2,2% em MS. A atividade da construção gerou R$ 3,3 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção em 2020. No Brasil, a indústria da construção gerou R$ 289 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços da construção. Deste montante, 93,6% se referiu ao valor de obras e/ou serviços de construção, enquanto 6,4% foi equivalente à receita bruta de incorporações de imóveis construídos por outras empresas.
Custos - Os custos das obras apresentaram queda de 4,8% no ano de 2020, totalizando R$ 1.129.134. No ano anterior foram R$ 1.186.194.
O que o setor vê - Mesmo o levantamento do IBGE se referir, principalmente, à construção de infraestrutura, é possível avaliar a realidade do setor com base nos números da construção residencial. Para o presidente da Acomasul, Diego Canzi Dalastra, de 2020 a 2022 o setor continuou aquecido.
“A construção civil continua positiva em termos de crescimento, cresceu de 2020 a 2021, de 2021 a 2022, e deste ano até o ano que vem, estamos na expectativa também de crescimento. Para 2022 a estimativa é de 3,5% de crescimento”, detalha.
O que pode frear, mesmo que com pouca intensidade, o setor, é a inflação. “Tivemos uma inflação absurda. O preço dos insumos subiu assustadoramente. Com isso, o valor do imóvel para o consumidor final subiu cerca de 50%, esse aumento só não foi maior porque o custo com mão de obra não teve aumento expressivo. O grande vilão foram os insumos”, explica Dalastra.
Preocupação - “Continuaremos crescendo porque existe o déficit de habitação, então há necessidade de produção de imóveis, no entanto, estamos apreensivos com o aumento no custo dos imóveis”, conta.
O presidente explica que essa é a grande preocupação do setor da construção civil residencial. “Sabemos que 90% dos imóveis são comercializados graças a financiamento, mas a renda do consumidor não acompanhou esse aumento. Então, a parcela desse imóvel no valor atual, vai caber no bolso do consumidor?”, questiona Dalastra. “Estamos num cenário apreensivo, em crescimento, mas apreensivo”, finaliza.