Corrida aos supermercados limpa gôndolas, mas associação garante estoques cheios
Reposição dos produtos não acompanha velocidade dos consumidores
No Atacadão da Avenida Duque de Caxias, região oeste de Campo Grande, pelo menos 18 pessoas aguardavam atendimento em um dos caixas, de carrinhos abarrotados, na manhã desta quinta-feira (19). Extensas filas, estacionamentos lotados e parte das gôndolas vazias compõem o cenário de supermercados da Capital em tempos de pandemia do novo coronavírus.
Apesar do panorama digno de filmes apocalípticos, a Amas (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados) descarta atraso no abastecimento e assegura estoques satisfatórios até o momento.
As gôndolas vazias - flagradas em fotos no supermercado Extra - segundo a entidade, são pela dificuldade em repor os produtos na mesma velocidade em que vão para os carrinhos dos consumidores. O álcool em gel, recomendado para higienização das mãos para evitar o contágio pelo vírus, é o único item em falta.
O movimento em plena noite de quarta-feira, dia considerado tranquilo, surpreendeu o encarregado de loja Odenir Arguelho Lescano, do Supermercado Duarte, na Avenida Manoel da Costa Lima.
Habituado à procura maior a partir de quinta, quando o estabelecimento faz promoções no açougue e bebidas, o funcionário diz que o momento é “espetacular” paras as vendas, mas fica “triste” pela circunstância.
“As pessoas têm levado arroz e feijão em fardos, comprando de dois a três carrinhos. Ontem [quarta-feira] a noite faltou carrinho e cestinha. Os repositores tiveram que ajudar na frente de caixa”, descreve Lescano, que aponta para volume de vendas dobrado.
O encarregado revela que os estoques da loja são seguros e não há problemas de fornecimento até agora.
Dispensa cheia - A auxiliar de produção Geise Kelly, 36 anos, aumentou a quantidade de produtos e levava no carrinho compras suficientes para durar dois meses. Até o estouro da pandemia, as idas ao mercado eram semanais. “Fico pasma, porque sou medrosa”, resumiu.
Já a advogada Tayná Nunes, 29, comprava “só o básico” nesta manhã. “Não adianta surtar, o pessoal tem exagerado um pouco. Dá pra ir comprando conforme a necessidade sem fazer loucura. O pessoal fala para evitar aglomeração, mas ninguém respeita”, dispara.
O policial militar Vinicius Rodrigues, 25, correu para o mercado depois do que chamou de “colapso do vírus”. De luvas cirúrgicas e máscara, lembrou dos familiares na Itália - considerada epicentro atual do novo coronavírus - e falou que “só quem tem parente fora entende”.
No carrinho, muitos produtos alimentícios, a maioria não-perecível. “Os mercados na Itália foram fechados. Alguns estão deixando entrar só dois de cada vez. Se lá já está complicado, imagina aqui daqui a pouco”, prevê.
A vendedora Leidiane Duarte, 30, chegou às 5h no Atacadão da Duque de Caxias e esperou até as 7h para ser uma das primeiras atendidas. Na noite anterior, não conseguiu fazer compras por causa da lotação.
Leidiane também adotava o hábito de compras semanais até a pandemia, mas levou carrinho cheio desta vez, para durar, pelo menos, 30 dias. “As notícias não são as melhores. Vamos nos antecipando. A gente não sabe o que vai ser amanhã”, conclui.
No Fort Atacadista do bairro Tiradentes, zona sul da Capital, clientes formavam filas nesta manhã. Funcionários da loja ofereciam água a quem aguardava para entrar.
Casos - Segundo última atualização da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Mato Grosso do Sul tem 7 casos confirmados de novo coronavírus - todos eles em Campo Grande. A pasta monitora outras 48 ocorrências suspeitas.
Confira a galeria de imagens: