Dólar se descola do exterior e cai 0,20% após fala de Campos Neto
Com mínima a R$ 5,2371 e máxima a R$ 5,3036, o dólar à vista fechou o dia em queda
Depois de muitas idas e vindas, o dólar terminou o pregão desta terça-feira em queda no mercado doméstico, descolado do movimento global de fortalecimento da moeda norte-americana, em dia marcado por forte aversão ao risco no exterior por conta do avanço da variante Delta do coronavírus.
O real, que vinha apanhando mais que outras divisas emergentes nos últimos tempos, se fortaleceu diante da perspectiva de aperto monetário forte e prolongado, ratificado no período da tarde por discurso duro do presidente do Banco Central, Roberto Campos, contra a inflação.
A trajetória da taxa de câmbio ao longo da sessão, contudo, foi cheia de solavancos - o que mostra a falta de fôlego do real para uma rodada firme de apreciação, muito por conta do ambiente político conturbado e das incertezas em relação às contas públicas.
Depois de cair pela manhã, com fluxo de recursos de exportadores e operações de arbitragem (segundo operadores), além de movimentos pontuais de realização de lucros, o dólar passou a subir no início da tarde, espelhando a aversão externa ao risco que respingava nos ativos locais.
O alívio veio apenas no fim da tarde, com a fala de Campos Neto mostrando a disposição do BC em apertar a política monetária na magnitude necessária para ancorar as expectativas de inflação.
Com mínima a R$ 5,2371 e máxima a R$ 5,3036, o dólar à vista fechou o dia em queda de 0,20%, a R$ 5,2701. Apesar do respiro nesta terça, a moeda norte-americana ainda sobe 0,48% na semana e acumula valorização de 1,16% no mês.
Em evento virtual do Bradesco BBI, Campos Neto voltou a afirmar que fará "o que for preciso" para perseguir a meta de inflação, um sinal claro de rigor com a política monetária.
O presidente do BC falou diretamente da questão fiscal ao mencionar que "ruídos" em relação aos impactos do novo Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, e do pagamento de precatórios afetam as projeções de inflação para 2022, que estão acima do centro da meta (3,50%).