Em tempos de vírus se espalhando, restaurantes têm até lei do silêncio
Estabelecimentos já registram queda no movimento, mas buscam alternativas para dar segurança à clientela
Com o movimento em queda, por causa do receio das pessoas de contrair o novo coronavírus, restaurantes estão apelando ao álcool em gel para tentar tranquilizar os clientes e, também, incentivando as mudanças de comportamento recomendadas pelas autoridades como precaução ao contágio.
Nos estabelecimentos visitados pelo Campo Grande News nesta segunda-feira (16), dois dias depois da confirmação dos primeiros dois casos de pessoas infectadas pelo vírus em Mato Grosso do Sul, vale até impor lei do silêncio na cozinha para reduzir riscos.
É o que está sendo feito no restaurante Bom Almoço. A dona, Joelma Paim, diz que já existia cuidado, mas “aumentou demais”. Citou a ampliação do material para higienização, como o álcool na forma gelatinosa e em spray e, ainda, álcool em spray,
De acordo com ela, a recomendação é que, “antes de tocar em qualquer coisa”, funcionários devem lavar as mãos na chegada ao trabalho.
Os que ficam na cozinha, acentua, são proibidos de conversar durante o preparo do alimento. Se quiserem falar algo muito importante, a ordem é sair do recinto.
A dona do restaurante conta que chegou a policiar a atitude dos clientes. Se alguém deixasse de lavar as mãos e passar o álcool, ela admite que estava pronta para dar “pito”. Segundo relata, não foi necessário, pois a preocupação é geral. “Ninguém está deixando passar”.
Para quem se preocupa com a limpeza dos utensílios, segundo ela, os pratos são lavados em máquina com temperatura em torno de 400 graus e também higienizados com álcool. Agora, pretende adotar uma terceira providência, colocar os pratos em sacos plásticos.
A empresária diz que se preocupa com a clientela e quer passar segurança, principalmente por haver muitos idosos. Para ela, o movimento ainda não caiu.
Em outra empresa do setor, a Casa das Delícias, a proprietária Priscila Fernandes, 42, disse que logo depois do Carnaval já notou queda no movimento e atribui, ao coronavírus. “Não é normal para o período”, diz.
Priscila conta que álcool em gel sempre teve e a mudança agora é no reforço dos avisos em vários pontos do estabelecimento.
Quem também conta ter reforçado a quantidade de álcool em gel no estabelecimento é o gerente comercial do Sabor Enquilo, Gilson Arakaki. Segundo ele, o hábito surgiu desde a epidemia de H1N1 e permaneceu.
Ele e outros administradores do local vão se reunir para definir quais outros procedimentos poderão ser adotados em caso de aumento da infestação do coronavírus. “A gente nunca passou por isso. Estamos preocupados”, diz.
Arakaki notou queda na movimentação dos clientes no restaurante no domingo, um dia após as confirmações dos casos em Campo Grande. Nesta segunda (16), ele orientou os funcionários a reduzir a quantidade de refeições para evitar desperdício.
“Normalmente domingo e segunda a movimentação é boa, mas assim que percebi mudança pedi para eles reduzirem. Percebi que tinha algo estranho no ar”, finalizou.