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Economia

Minério de ferro e ferro-gusa valorizam e MS aproveita momento de lucro no setor

Minério de ferro teve valorização de cerca de 20% e ferro-gusa de até 80%

Liana Feitosa | 30/03/2022 13:46
Transporte de minério de ferro feito pelo Rio Paraguai. (Foto: Semagro/Arquivo)
Transporte de minério de ferro feito pelo Rio Paraguai. (Foto: Semagro/Arquivo)

O mercado de minério de ferro e ferro-gusa de Mato Grosso do Sul pode ser impactado positivamente pela instabilidade econômica gerada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada no último dia 24 de fevereiro. As demandas de compra desses insumos podem ser direcionadas ao Brasil, que se destaca nesse setor. O minério de ferro teve valorização de 10% a 20% e, o ferro-gusa, na casa de 60% a 80%, considerando os preços em dólar, de acordo com representante do setor.

Rússia e Ucrânia são importantes exportadores de minério de ferro e ferro-gusa, mas com o mercado russo sofrendo sanções e a Ucrânia encontrando dificuldades para a exportação de seus produtos, os compradores internacionais podem buscar produção do Brasil, que é o terceiro maior produtor de minério de ferro do mundo, ficando atrás somente da China e da Austrália, de acordo com o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores também, ocupando a 5ª e a 6ª posição, respectivamente.

Em alta - Gustavo Trindade Corrêa é presidente do conselho de administração da empresa Vetorial, que opera em Mato Grosso do Sul há 27 anos e atua na produção de ferro-gusa, carvão vegetal e extração de minério de ferro. Para ele, apesar das instabilidades, o mercado para esses insumos está aquecido.

“Ucrânia e Rússia são players muito importantes no ferro-gusa e menos importantes no minério de ferro, por isso, o ferro-gusa subiu mais. Por outro lado, o dólar depreciou de 10% a 15% nos últimos dias, então temos um impacto em dólar mais alto, mas uma receita em real menor, o que confere um aumento de cerca de 50% no ferro-gusa em real”, detalha Corrêa ao Campo Grande News, em entrevista concedida diretamente da China.

Mato Grosso do Sul - “Ninguém sabe quanto tempo esse conflito vai durar, nem quanto tempo as consequências da guerra vão durar, então é muito difícil falar de oportunidade, mas temos uma onda favorável e quem está em produção, está surfando essa onda”, afirma o especialista.

Unidade da Vetorial Siderurgia, produtora de ferro-gusa em Mato Grosso do Sul. (Foto: Divulgação/Vetorial)
Unidade da Vetorial Siderurgia, produtora de ferro-gusa em Mato Grosso do Sul. (Foto: Divulgação/Vetorial)

Ainda de acordo com o presidente do conselho, o faturamento da empresa está na casa de R$ 2 bilhões por ano, sendo 100% desse montante oriundo do mercado de Mato Grosso do Sul, com 60% proveniente do ferro-gusa e 40% do minério de ferro.

Apesar do conflito no Leste Europeu representar instabilidade e preocupar diversos setores da sociedade não só na área econômica, é possível aproveitar o momento para ampliar investimentos no setor de minério. Mas não de imediato, nem com ampliação de produção.

Para ele, “não é sensato planejar investimento em cima dessa onda porque ela é uma bolha de preço, que vai estourar em algum momento. Não se pode projetar um novo investimento em cima de uma bolha”.

Crescimento - De acordo com Corrêa, em Mato Grosso do Sul, ficam duas produtoras de ferro-gusa, mas que estão com 100% da capacidade produção, então elas não têm como ampliar a produção para aproveitar o momento favorável.

“Já em relação ao minério, o Estado tem capacidade produtiva ociosa. As empresas que produzem hoje estão operando a 70% ou 80% da capacidade e poderiam produzir mais, cerca de 20% da capacidade sobrante. Mas aí o gargalo seria outro: logística. Não há como escoar esse excedente de produção”, amplia o representante do setor.

Para ele, conseguir “surfar essa onda” e aplicar investimentos estruturais capazes de ampliar a produção de Mato Grosso do Sul, demanda tempo. “O que poderia acontecer, mas não é o caso de MS, é: se tivéssemos capacidade instalada de produção de ferro-gusa, poderíamos acelerar a produção. Como isso não é possível, o que as empresas podem fazer? Aproveitar a onda para se preparar economicamente para pensar em novas tomadas de investimento, investimentos estruturados, independentes das circunstâncias de guerra”, finaliza Corrêa.

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