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Economia

Guerra e condições climáticas triplicam preço de hortifrútis e pesam no bolso

Reportagem percorreu mercados nos bairros de Campo Grande e constatou a disparidade dos preços praticados

Liana Feitosa | 21/03/2022 08:41
Em sacolão do Bairro São Francisco, quilo da cenoura é vendido a R$ 12,98. (Foto: Kísie Ainoã)
Em sacolão do Bairro São Francisco, quilo da cenoura é vendido a R$ 12,98. (Foto: Kísie Ainoã)

Pesquisa de preço, cautela na hora de comprar e preferência por produtos da estação são as estratégias mais usadas e indicadas pelos consumidores na hora de “fazer a feira” na Capital. Para comerciantes do setor e, consequentemente, para os clientes, os valores triplicaram e a explicação está nas condições climáticas e na guerra no Leste Europeu.

O Campo Grande News percorreu pelo menos seis mercados em diversos bairros da cidade para conferir preços nos hortifrútis e saber como os consumidores têm gerenciado os aumentos desses itens. Para a maioria, a sazonalidade e o aumento do preço dos combustíveis, impulsionado pelas instabilidades econômicas geradas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, explicam altas.

Segundo a comerciante Ana Paula Ferreira, proprietária do Sacolão do Pequeno, no Jardim Seminário, o preço do tomate disparou na segunda-feira (14). “Subiu demais! Eu pagava R$ 60, R$ 70 na caixa do tomate. Agora, está R$ 200!”, conta. “Os fornecedores falam que é por causa da queda na produção e o encarecimento dos custos com transporte”, completa.

Ana Paula Ferreira, proprietária de sacolão no Jardim Seminário, em atendimento neste domingo. (Foto: Kísie Ainoã)
Ana Paula Ferreira, proprietária de sacolão no Jardim Seminário, em atendimento neste domingo. (Foto: Kísie Ainoã)

O motoentregador Sebastião Fernandes, de 54 anos, também percebeu o aumento. “Esses dias, o tomate estava R$ 3 e pouquinho, agora, está R$ 7,99 aqui. É muita diferença”, comenta.

Boom - De acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve encarecimento de frutas e verduras nos últimos 12 meses devido ao aumento na inflação, como já explicamos aqui. No entanto, o consumidor nota também um “boom” bem mais recente nos preços.

Para o proprietário de um sacolão localizado no Bairro São Francisco, que prefere não se identificar, os aumentos não têm relação com a guerra no Leste Europeu. Para ele, a sazonalidade natural dos produtos, as altas temperaturas e o preço dos combustíveis é que explicam os preços mais “salgados”.

Motoentregador Sebastião Fernandes em hortifrúti do Bairro Cruzeiro. (Foto: Kísie Ainoã)
Motoentregador Sebastião Fernandes em hortifrúti do Bairro Cruzeiro. (Foto: Kísie Ainoã)

Clima - Sim, hortaliças, várias frutas e verduras que não resistem ao clima quente e seco acabam tendo queda na produtividade, como é o caso principalmente das hortaliças. Assim, toda essa instabilidade é sentida aqui em Mato Grosso do Sul, como acredita Arnaldo Freitas, que há mais de 15 anos trabalha em um sacolão do Bairro Cruzeiro.

Ele atribuiu a essas questões o encarecimento vertiginoso de alguns itens nas últimas semanas. “Nossa alface, até pouco tempo atrás, custava 0,89 centavos, mas agora, é vendida a R$ 3,49 a unidade. A cenoura aumentou muito também, está sendo vendida a R$ 11,50”, detalha o trabalhador.

Arnaldo tem razão. Segundo a economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em Campo Grande, Andreia Ferreira, “as condições climáticas adversas a alta do diesel são a explicação”.

Combustível - No entanto, o mais recente reajuste no preço do diesel, que vigora desde o dia 11 de março em todo o País, também tem participação na escalada dos gastos do consumidor. A guerra entre aqueles países distantes mais de 14 mil quilômetros de Campo Grande desajustou o mercado mundial. Isso mexeu com o câmbio do dólar, moeda sobre a qual é cotado o preço do barril do petróleo, que é a matéria-prima do óleo diesel.

Com isso, o valor do diesel - e da gasolina - subiu no mundo inteiro, inclusive, no Brasil, afetando todos os produtos que dependem de transporte para chegar aos compradores, como o Campo Grande News explicou aqui.

Clientes escolhem tomates em estabelecimento no Jardim Seminário. (Foto: Kísie Ainoã)
Clientes escolhem tomates em estabelecimento no Jardim Seminário. (Foto: Kísie Ainoã)

Segundo levantamento feito pelo OSP (Observatório Social da Petrobras), citado pela CNN, desde 2021, o maior aumento desses combustíveis havia sido registrado em 19 de fevereiro de 2021. Naquele mês, a gasolina subiu 10,2% e o diesel ficou 15,2% mais caro. De lá para cá, a Petrobras já elevou 13 vezes o preço da gasolina e 11 vezes o do diesel.

Para driblar os efeitos no bolso que os aumentos causam, para a dona de casa Patrícia Benites, de 30 anos, a saída é comprar em menor quantidade e aproveitar os produtos da época. “Além de comprar menos, sem levar nada além do programado, acabo comprando sempre as mesmas coisas, e opto sempre pelas verduras e frutas que estejam mais em conta. Levo mais as frutas da estação e nunca levo frutas que sempre são mais caras, como uva”, detalha.

Tabela - A reportagem foi conferir o preço dos produtos em cinco hortifrútis da Capital e listou alguns alimentos que têm sofrido bastante variação de preço. Confira na tabela abaixo:

Pesquisa de preços. (Fonte: Campo Grande News)
Pesquisa de preços. (Fonte: Campo Grande News)


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