Na hora das compras, consumidor prepara ceia "menor" em 2020
Apesar de ano atípico, Natal de 2020 terá cardápio bem tradicional e farto, mas com menos pessoas reunidas
Com a pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 foi bem diferente para todos, e a ceia de Natal também será assim, pelo menos para a maioria dos entrevistados desta reportagem.
Faltando dois dias para a noite de Natal, mercado atacadista, no bairro Coronel Antonino, estava cheio, mas não lotado, como é de costume nessa época do ano. Muitos fazendo as últimas compras necessárias para a celebração.
No grupo de risco, a servidora pública Jucelia Nogari, de 63 anos, estava comprando os últimos ingredientes para a ceia de Natal, que este ano será apenas para duas pessoas, ela e o filho.
Normalmente a gente se reúne com mais 15 pessoas, mas com a pandemia vamos celebrar só nós dois mesmo", comenta Jucelia.
Para evitar aglomeração, a servidora pública fez as compras com antecedência, e garante que agora só vai sair de casa na próxima semana, para fazer a última compra da ceia de Ano Novo.
Também com compras antecipadas, para evitar filas e preços mais altos, os amigos e fazendeiros Eduardo Oliveira e Renan Garcia, ambos de 20 anos, foram ao mercado comprar as bebidas para a ceia de Ano Novo, já que as compras da ceia de Natal foram feitas duas semanas atrás.
Os dois vão passar o Natal separados, cada um com sua família, e garantem que este ano a celebração natalina será bem menor do que em 2019, mas com a mesma fartura de sempre. "Vou passar o Natal na casa do meu tio, umas 15 pessoas reunidas, metade do que a gente costuma reunir, mas estamos pensando em criar regrinhas para ninguém se abraçar e tentarmos manter o distanciamento", comentou Renan.
A família de Eduardo vai se reunir na casa da avó do jovem, também com uma média de 15 pessoas, a ceia será bem tradicional, com peru, chester e salpicão. "E no dia 25 a gente faz um churrasco, né? Pra gente o aumento do preço da carne não faz diferença, porque a gente pega carne direto da fazenda e leva pra festa", finaliza o fazendeiro.
Para Rafaellen Duarte, coordenadora de marketing regional centro-oeste do atacadista, mesmo com a pandemia eles não sentiram queda nas vendas, em nenhum setor, e muita gente tem antecipado as compras. Segundo ela, a procura e a venda estão no mesmo ritmo de 2019, com muita saída de itens tradicionais como panettones, cestas natalinas, carnes tradicionais e carne de vaca para o churrasco, além da procura por castanhas e frutas.
"Este ano sentimos o consumidor muito atípico em relação a cestas natalinas e produtos para montar essas cestas em casa. Geralmente o público compra esses itens separados e monta a cesta em casa, mas este ano estamos tendo muita venda de cestas prontas, acho que pela praticidade, né?", comenta Rafaellen, que complementou dizendo que as cestas são compradas, muitas vezes, para presentear amigos e familiares, além das doações que são mais frequentes nesta época.
No espírito solidário, a dona de casa Nany Rodrigues, de 75 anos, estava realizando uma compra grande para doar ao asilo de Camapuã, distante 133 km da Capital. Todos os anos ela e o esposo fazem essa doação, para que os idosos, da cidade onde eles vivem, também tenham um Natal de fartura. "Comprei também uma cesta natalina para um funcionário do prédio onde moramos, e ainda vou comprar algo para o zelador também", explica Nany.
Acostumada a receber mais de 60 pessoas para a ceia de Natal, este ano Nany e o marido vão passar o dia 24 na casa dos filhos, em apenas 8 pessoas. "Pra mim este ano não vai ter Natal, vai ser só um jantar mesmo, mas com o cardápio tradicional de Natal", finaliza a dona de casa.
A vendedora Jaqueline Nieres, de 38 anos, também terá um Natal com menos pessoas reunidas, mas com a ceia tradicional de todos os anos. "Como tem muitos idosos na família, preferimos não nos reunir e ficar cada um na sua casa. E como não dá pra se juntar, estou levando chocottones para presentar os coletores de lixo que passam na minha rua, e também os familiares, no estilo drive-thru, pro Natal não passar em branco", complementa Jaqueline.
Ainda sem decidir o cardápio da ceia deste ano, Mariana Valentim, acadêmica de medicina, de 33 anos, foi ao atacadista garantir parte das bebidas para o dia 24, mas também lamenta que não passará a noite de Natal reunida com a família. "Já passamos o ano afastados, enquanto a vacina não sair, é melhor cada um ficar na sua casa, mas se pudesse, a gente ia se reunir com os amigos e familiares com certeza", comenta Mariana.