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Economia

Sob ameaça de boicote, carne, couro e soja são metade do que MS exporta

Produtos foram postos em xeque por multinacionais e países, que podem suspender compra por causa de queimadas na Amazônia

Jones Mário | 30/08/2019 13:06
Soja foi o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul em 2018 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Soja foi o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul em 2018 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Em 2018, Mato Grosso do Sul exportou US$ 2,884 bilhões (R$ 12 bilhões, na cotação atual) em carne bovina, couro e soja, montante equivalente a 50,3% do total comercializado pelo Estado com o exterior. Agora, os 3 principais produtos do Estado são colocados em xeque por multinacionais e países, que sinalizam para boicote enquanto o cenário de desmatamento e queimadas na Amazônia persistir.

Nesta semana, o conglomerado americano VF Corp, que opera 18 marcas de roupa, confirmou suspensão da compra de couro e curtume brasileiro “até que haja a segurança que os materiais usados (...) não contribuam para o dano ambiental no País”, comunicou, em nota à reportagem da Folha de S. Paulo.

A multinacional Nestlé seguiu pelo mesmo caminho e falou em “revisar” a compra de carne e de cacau produzidos no Brasil. Já a norueguesa Mowi, maior produtora de salmão do Mundo, revelou que considera outras fontes para compra de soja, utilizada para fabricar ração.

Conforme dados de comércio exterior do Ministério da Economia, a soja triturada foi o principal produto exportado por Mato Grosso do Sul no ano passado, com US$ 2,06 bilhões (R$ 8,5 bilhões) e participação de 36% no montante negociado. Já a exportação de farelo e resíduos da extração do óleo de soja corresponderam a 3,3%, com US$ 191,16 milhões (R$ 791 milhões).

De janeiro a julho deste ano, a soja triturada já responde por 26% da exportação do Estado, com US$ 799,29 milhões (R$ 3,3 bilhões), ao passo que farelo e resíduos mordem 3% - US$ 93,09 milhões (R$ 385,1 milhões).

Carne bovina respondeu por 12% do que foi exportado por MS este ano (Foto: Divulgação)
Carne bovina respondeu por 12% do que foi exportado por MS este ano (Foto: Divulgação)

A venda para o exterior de carne bovina – congelada, fresca ou refrigerada – sul-mato-grossense movimentou US$ 549,1 milhões (R$ 2,2 bilhões) em 2018, com 9,5% de participação nas vendas totais. Este ano, a fatia sobe para 12%, correspondentes a US$ 379,14 milhões (R$ 1,5 bilhão).

Já a exportação de couros e peles pelo Estado participou de 1,5% do volume total em 2018, quando, ainda segundo o Ministério da Economia, foram negociados US$ 84,14 milhões (R$ 348,1 milhões) do produto. Em 2019, já foram comercializados US$ 39,65 milhões (R$ 164 milhões), equivalentes a 1,3% do bolo vendido.

De olho – Titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck disse que se preocupa e monitora o possível boicote, mas não crê que as ameaças se concretizem. Segundo ele, Mato Grosso do Sul produz com certificação de sustentabilidade.

“Na verdade, esse cenário pode ser uma grande oportunidade para o Estado, que desenvolve programas como o Precoce MS, com base de sustentabilidade, produz carne sustentável orgânica”, citou.

Verruck acredita ainda que o impasse diplomático com a União Europeia durante as reuniões do G7 ficaram isoladas na França. Segundo ele, o presidente francês Emmanuel Macron foi o único a questionar o acordo comercial do bloco com o Mercosul.

A Europa é uma das principais clientes de Mato Grosso do Sul. Números do Ministério da Economia mostram que países do Velho Continente responderam por aproximadamente 10% do que o Estado exportou entre janeiro e julho deste ano, atrás apenas da China, com 45%.

A reportagem não encontrou representantes das processadoras de carne, couro e derivados para repercutir o assunto. O presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), Juliano Schmaedecke, preferiu não comentar o assunto e disse que se manifestaria em nota enviada à imprensa.

Por outro lado, o diretor-executivo da Ampasul (Associação Sul-mato-grossense dos Produtores de Algodão), Adão Antônio Hoffmann, disse que situações como a repercussão internacional das queimadas na Amazônia “sempre acendem um sinal de alerta, como tudo que prejudica a imagem do Brasil”.

Hoffman defende que é cedo para falar de possíveis reflexos no setor, que movimentou US$ 39,28 milhões (R$ 162,5 milhões) em exportações no ano passado - participação de 0,68% do total negociado pelo Estado.

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