Taxa Selic chegou a 9,25% e alta vai mexer no seu bolso
Alta da taxa básica de juros foi maior registrada desde 2017
A taxa Selic chegou a 9,25%, sendo o maior patamar desde julho de 2017 quando esteve com o mesmo percentual. Com o reajuste, os juros apresentaram aumento de 7,25 pontos percentuais esse ano, sendo o avanço mais expressivo da série histórica e isso impacta diretamente no poder de compra do consumidor.
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é uma taxa básica de juros que influencia diretamente na vida das pessoas. De forma simples, ela define o poder de compra do consumidor e é usada para frear a inflação, por exemplo, sendo utilizada como referência, funcionando como instrumento para controlar a economia, e é definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) a cada 45 dias.
Como ela funciona? - Como gatilho que controla o mercado, determinando poder de compra, qualidade de investimento e refletindo diretamente no bolso do consumidor, principalmente daquele que quer financiar uma casa própria, um carro, faz crédito consignado, empréstimo ou até mesmo quem usa o cartão de crédito.
“Sendo a taxa de juros básica, ela é referência para todas as outras, refletindo nos consignados, empréstimos, financiamento imobiliário. Então, quando ela sobe [taxa], todas essas tendem a ficar mais caras” explica o professor, doutor em economia, Mateus Abrita.
Mas como ela pode influenciar nos preços finais? - Acontece que com a Selic em alta, como é o caso, os investidores tendem a diminuir as aplicações em certos negócios, como imobiliários, o que afeta a produção, refletindo na geração de empregos que tem como consequência o baixo poder de consumo.
“Imaginamos que com o avanço das vacinações teríamos um equilíbrio entre a produção e o consumo, mas o que vemos é uma demanda reprimida, aumentando de forma exagerada o consumo, refletindo no aumento dos preços, ao contrário do que se pensava. Na época imaginamos que haveria queda de preço, então com um objetivo claro de baixar valores de energia elétrica e combustível, por exemplo, o Copom elevou mais uma vez a taxa Selic”, explica o economista comportamental, Hudson Garcia.
O economista reforça ainda que a taxa influência nos juros do cartão de crédito, maior vilão dos endividados, e que é preciso ter cautela para renegociar as dívidas e conseguir sair da inadimplência.
“Estamos com um número recorde de pessoas endividadas, justamente em um momento em que não é hora de procurar empréstimos. E muitos estão devendo o cartão de crédito, maior vilão do endividados. Dever empresas de crédito é um problema sério porque os custos para as empresas aumentam e é repassado para os custos para o consumidor, somado aos juros, então não vamos nos assustar quando percebermos juros a 300% ao ano”, coloca o economista.
E o que fazer? - Ter calma, essa é a dica do Hudson. “Se tem uma dívida, assuma e não se desespere. Uma das soluções é a lei do superendividado, uma forma de recuperação de pessoa física, isso na pior das hipóteses. Mas para aqueles que não precisam apelar para essa lei, a dica é listar as dívidas e começar a negociar, principalmente as mais caras, como é o caso do cartão de crédito”, pontua o economista.
Outra dica é priorizar as dívidas de subsistência como energia elétrica, água e renegociar as dívidas de crediário e cartão de crédito, tentando não comprometer mais de 80% do salário.
“A última dica, e mais importante, é: quando começar a dar certo, não compre. Começa a sobrar dinheiro e as pessoas se emocionam, ficam empolgadas e nesse momento é preciso ter disciplina e cumprir planejamento”, conclui Hudson Garcia.