Vendas de motos recuam 28,1% em fevereiro e de carros cai 16,7%
Com 57,4 mil unidades emplacadas, as vendas de motos novas no Brasil recuaram 28,1% em fevereiro, na comparação com o mesmo período de 2020. Frente a janeiro, a queda foi de 33,1%, de acordo com balanço da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de veículos.
Além da falta de peças, a produção de motos foi afetada no início do ano pelas restrições de circulação decorrentes do colapso do sistema público de saúde em Manaus, onde estão concentradas as fábricas de motocicletas.
A situação reduziu o expediente das linhas a um único turno de produção e também levou a Honda, maior montadora de motos do País, a suspender as atividades por dez dias entre o fim de janeiro e começo de fevereiro.
Com o descompasso entre produção e demanda, faltaram modelos nas lojas, o que, consequentemente, gerou listas de espera nas concessionárias. Nos dois primeiros meses do ano, as vendas de motos caíram 16,5% no comparativo anual, para 143,3 mil unidades
A Honda, líder com folga do mercado de duas rodas, ficou com 74,3% das vendas nos primeiros dois meses do ano. A vice-líder Yamaha teve 19,1%.
Carros - No pior fevereiro em três anos, as vendas de veículos novos no País caíram no mês passado 16,7% se comparadas ao volume do segundo mês de 2020, quando o mercado ainda funcionava sem as restrições da pandemia. Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 167,4 mil unidades foram comercializadas, o que na comparação com janeiro representa uma queda de 2,2%.
Os dados também foram divulgados nesta terça, pela Fenabrave. O mercado segue perdendo ritmo em meio à limitação da oferta de carros nas revendas, dada a falta de componentes que leva a atrasos de produção e paralisações de montadoras.
Desde 2018, quando foram vendidos 156,9 mil veículos no segundo mês do ano, o setor não tinha um fevereiro tão fraco.
Em meses consecutivos, o último resultado foi o menor desde junho, confirmando assim o esfriamento do mercado após a arrancada, com a flexibilização das quarentenas, que levou os volumes mensais para acima de 200 mil veículos nos meses de setembro a dezembro.
No acumulado dos dois primeiros meses do ano, 338,5 mil veículos foram vendidos no Brasil, 14,2% abaixo do volume registrado no mesmo período de 2020.
No primeiro bimestre, a Fiat liderou as vendas, com 20,1% do total. Na sequência, aparecem Volkswagen (16,6%), General Motors (16,1%) e Hyundai (9,4%).
Sem estoque - Como o Campo Grande News publicou na semana passada, o desabastecimento nas montadoras e a segunda onda da pandemia explicam o resultado negativo das vendas de veículos no mês passado, segundo avaliação da Fenabrave.
Ao comentar o balanço de fevereiro, quando as vendas caíram 16,7% no comparativo anual, marcando também o pior volume para o mês em três anos, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, lembrou que a indisponibilidade de peças nas linhas de produção provocou paralisações de montadoras - causando falta de modelos nas revendas -, enquanto o aumento de casos de contaminações restringiu o funcionamento do comércio em várias cidades.
"Na indústria, mesmo com os esforços das montadoras, para aumentar a produção, a falta de peças e componentes ainda persiste, fazendo com que algumas fábricas tivessem de paralisar, temporariamente, a produção em fevereiro, afetando, de forma importante, a oferta de produtos", comentou Alarico em nota.
"Além disso, o aumento dos casos de covid-19, que provocou o retrocesso da abertura do comércio em várias cidades, também contribuiu para a queda de vendas do mês de fevereiro", acrescentou. O executivo também relaciona o enfraquecimento do mercado ao aumento, em meados de janeiro, das alíquotas de ICMS cobradas em São Paulo, o maior mercado do País.
Alarico diz que no segmento de caminhões, onde as concessionárias estão trabalhando praticamente sem estoque, parte das entregas está sendo programada para setembro e outubro
Já nas revendas de motos, que também registram falta de produtos em razão de atrasos, motivados pela crise sanitária, da produção no polo industrial de Manaus (AM), os estoques estão "extremamente baixos", o que leva à lista de espera de até 40 dias por alguns modelos, informa Alarico.