Maioria discorda de fechar rodovias para protestos políticos
Nesta semana, caminhoneiros e indígenas se mobilizaram nas estradas, cada grupo com suas pautas
A maioria dos leitores discorda de paralisações em rodovias para se manifestar politicamente. Segundo enquete, as 66% das respostas são daqueles que se mostram contrários a essa ação, enquanto as demais 34% são favoráveis.
Em várias partes do Brasil, inclusive, em Mato Grosso do Sul, caminhoneiros realizam desde quinta-feira (8), paralisações em trechos de rodovias. Em 2018, quando pararam o País por 10 dias, a categoria reclamava do preço do diesel e pediam tabelamento do frete.
Além disso, indígenas acamparam em Brasília e chegaram a bloquear estradas para pressionar o julgamento do marco temporal para a demarcação de terras. Vale lembrar que ontem, com o voto do relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, e a próxima votação prevista para a semana que vem, boa parte se desmobilizou.
Já quanto aos caminhoneiros, desta vez, a paralisação, segue a manifestação do 7 de Setembro, contra os ministros do STF e em apoio ao presidente, Jair Bolsonaro (sem partido).
Além disso, alguns manifestantes afirmaram que cobravam a redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), taxa cobrada pelos estados, que é um dos diversos fatores que impactam no preço final dos combustíveis. Por fim, alguns questionaram a confiabilidade das urnas eletrônicas, e pediram pelo voto impresso.
A leitora Tânia Sabino comenta que até seria favorável com os bloqueios se as pautas fossem para o bem comum do Brasil. "Se fosse para melhorar a vida do brasileiro, lutando para abaixar preços dos alimentos e combustíveis, eu apoiaria. Mas para apoiar 'político de estimação', nunca".
O mesmo é entendido pelo Alexandre Ribeiro, que apoiaria a categoria caso as únicas motivações fossem econômicas. "Se a pauta da paralisação fosse para forçar a queda e/ou a rescisão das indexações dos combustíveis, até eu apoiaria os caminhoneiros. Mas não, é para defender o indefensável", diz.
Desabastecimento - Muitos se preocupam com a condição de itens de necessidade básica, tais como alimentos ou medicamentos, que são transportados diariamente em caminhões, assim como gerou preocupação em 2018, quando caminhoneiros e empresários protestavam por conta da alta dos combustíveis. Naquele momento, tinham apoio declarado de Bolsonaro, até então, candidato à presidência, pelo PSL.
Uma das pessoas que teve essa preocupação foi a leitora Alice Tereza Gonçalves dos Santos, que disse discordar da manifestação. "Não concordo, só faz aumentar o preço das coisas".
Além dela, a empresária Deyse Tassili relata que uma paralisação maior afetaria suas rendas. "Cada um sabe onde seu calo aperta, e com certeza, essa paralisação vai ferrar com minha micro-empresa. Trabalho com carne e dependo da mercadoria para continuar trabalhando. Infelizmente, não tenho condições de fazer um grande estoque".
O presidente chegou a pedir pelo fim dos bloqueios em rodovias, em áudio divulgado em grupos bolsonaristas nas redes sociais, mas muitos apoiadores questionaram a veracidade da declaração. Posteriormente, foi confirmada a origem pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
“Caminhoneiros são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham nossa economia. Provocando desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo [...] se possível, liberar para a gente seguir a normalidade”, pediu Bolsonaro.
Leitores como o Flávio Fernandes, nos comentários do Campo Grande News, entendem que as paralisações são necessárias. "Que tranquem tudo, nada passa. Precisamos pagar um preço altíssimo hoje, para que amanhã possamos viver livres. Caminhoneiros, estão todos de parabéns", opinou.
Autônomos - Nem todos os profissionais de transporte rodoviário estão de acordo com essas medidas. Em Mato Grosso do Sul, o Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística), afirma que a categoria não tem participação no protesto.
No estado de Goiás, o presidente do Sinditac (Sindicatos dos Transportadores Autônomos de Carga), Vantuir Rodrigues, assegurou ao portal Metrópoles, que o movimento não é encabeçado pela categoria, mas sim do agronegócio.
No interior paulista, o Sindicamp (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região) declarou, por meio de nota, que os atos causavam prejuízos à categoria, ao consumidor e à entrega de produtos de primeira necessidade, tais como alimentos ou medicamentos, por exemplo.
Também foi dito que o bloqueio afetaria os “ambientes políticos e econômicos, trazendo diversos impactos negativos ao nosso setor e toda a sociedade”.